Maria Lourença Cabecinha, resistente antifascista e militante comunista morreu, na sexta-feira, aos 89 anos lamentou hoje Comité Central do PCP, adiantando que o funeral decorre, no domingo, às 15:00, no crematório do cemitério da Paz em Setúbal.
Em nota hoje enviada às redações, o partido endereça “sentidas condolências” à família e informou que o corpo de Maria Lourença Cabecinha está em câmara ardente na Igreja da Luz em Montemor-o-Novo.
Maria Lourença Cabecinha, nasceu a 17 de março de 1933, no monte da Aldeia, a poucos quilómetros de Montemor, pertencente na época à Freguesia de São Romão.
Filha de trabalhadores agrícolas ajudou a família a trabalhar no campo, e cedo começou a ter consciência da injustiça social a que estavam votados os trabalhadores agrícolas e apenas com 15 anos tornou-se militante do PCP.
Um ano mais tarde em 1953 entra na clandestinidade juntamente com o seu companheiro António Gervásio, o que a afastou do filho, na altura com apenas três meses.
Presa pela PIDE em 12 de abril de 1964 foi libertada cinco anos mais tarde, em 18 de setembro de 1969.
Maria Lourença Cabecinha realizou várias tarefas na clandestinidade, mas uma das mais destacadas foi a da defesa das casas do partido da repressão fascista, tendo vivido em várias localidades da região Alentejo dos distritos de Setúbal e Lisboa e, na cidade do Porto.
Usou vários pseudónimos, mas foi como Leontina que colaborou com regularidade nas publicações “3 páginas” e “A voz das camaradas”, publicações internas do PCP.
Depois do 25 de abril desempenhou tarefas na organização regional de Évora, o que lhe permitiu acompanhar de perto o avanço da reforma agrária.
Já entre 1988 e 1993 esteve destacada na organização regional da Beira Interior. Regressada a Montemor-o-Novo manteve disponibilidade para assumir tarefas do partido.
Segundo o Comité Central do PCP, “o percurso de Maria Lourença Cabecinha teve por base as profundas convicções nos ideais que abraçou na sua juventude que com coragem que revelou em circunstâncias diversas, ultrapassou situações dolorosas como a dureza da vida clandestina, a separação do filho com menos de três anos e as prisões do seu companheiro”.
“Viveu uma vida de dedicação e de luta. Maria Lourença Cabecinha deixa-nos um testemunho que é exemplo para as novas gerações de comunistas – a luta consequente contra a exploração, contra o fascismo, a luta pela liberdade, pela democracia, pelos ideais de abril, pelo socialismo”, reforça o partido.