Debate vivo, cheio de contrastes, entre o líder do PSD e a coordenadora do Bloco. Contas feitas, Rui Rio perdeu para Catarina Martins – mas sem KO e sobretudo por causa de um tema: prisão perpétua.
João Vieira Pereira
Rui Rio 5 – Catarina Martins 6
Rui Rio – a incapacidade de Rui Rio muitas vezes revelada de explicar o que defende veio outra vez ao de cima. Perante a oportunidade de explicar a sua posição sobre a prisão perpétua, conseguiu aparecer a defender André Ventura para pasmo de todos e gáudio da sua adversária. A confusão permaneceu no tema dos salários, da Saúde e da Segurança Social mostrando uma total incapacidade de “trocar por miúdos” as suas propostas, muitas delas bastante razoáveis.
Catarina Martins – apesar da demagogia total e permanente, principalmente na questão da Saúde e da Segurança Social, a líder do Bloco foi eficiente a passar a sua mensagem. Destaque para a posição que assumiu de “chefe de Estado” já que houve momentos em que parecia que tinha sido ela e o Bloco a liderar os dois últimos governos.
Cristina Figueiredo
Rui Rio 7 – Catarina Martins 8
Foi um bom debate, entre os líderes de dois partidos que não competem diretamente um com o outro nem têm interesse em encontrar pontos em comum. Ainda se perderam preciosos 4 minutos a discutir o tema da prisão perpétua (tema que André Ventura conseguiu, para estupefacção geral, introduzir na pré-campanha), mas depois falou-de do que realmente importa às pessoas:crescimento económico, salários, serviço nacional de saúde, sustentabilidade da segurança social. Com Catarina Martins a por de lado as poses artificiais que escolheu levar para os dois primeiros debates (com André Ventura e Rui Tavares) e a revelar bom conhecimento dos dossiês. Com Rui Rio a persistir no registo soft – estará a guardar a artilharia pesada para o debate de dia 13 com António Costa?
Paula Santos
Catarina Martins 7 – Rui Rio 5
O líder do PSD partiu em desvantagem para um debate onde teve de gastar parte do tempo a esclarecer (de forma reiterada) declarações que fez no debate anterior com André Ventura e esse facto condicionou claramente a prestação. Catarina Martins fez na SIC o melhor dos três debates em que participou. Foi eficaz ao explorar as dúvidas que Rio deixou no ar com Ventura por causa da prisão perpétua e coerente na defesa as ideias de sempre, quer em matérias que envolvam o salário mínimo, o SNS ou a sustentabilidade da Segurança Social. Rui Rio esclareceu o que pensa sobre a prisão perpétua: “Sou contra. Não é não” mas fez questão, com insistência, de explicar que aquilo que o líder do Chega defende afinal até nem é na realidade a prisão perpétua mas sim uma versão mitigada. Rio mostrou que não fecha a porta a um eleitorado mais à direita que discute estas matérias, mas não se livrou da critica da coordenadora do Bloco para quem está a “normalizar” as ideias do Chega. No resto, sobraram as visões ideológicas opostas de sempre aplicadas aos mais diversos temas. Rio marcou alguns pontos quando se mostrou flexível (“totalmente de acordo”) na discussão de algumas ideias do Bloco nas quais até admite que se revê (não se pode fragilizar o SNS a favor dos privados) algo que nunca vimos Catarina Martins fazer. A Rui Rio falta concretizar propostas e apresentar ainda um programa eleitoral e nem isso Catarina Martins deixou escapar.
Martim Silva
Rui Rio 5 – Catarina Martins 5
Equilíbrio das contas públicas. Futuro do Sistema Nacional de Saúde. Segurança Social. Destes temas se falou, mas parece-me que foi o primeiro tópico do debate, a polémica à volta da prisão perpétua – que surgiu depois do que Rio tinha dito no primeiro debate, com Ventura –, e que durou cerca de quatro minutos, que se revelou mais marcante. Era expectável que o tema viesse à baila, até porque o PS fez do assunto tema de campanha. Mas também era expectável que Rio viesse agora melhor preparado para responder, em vez de gastar o tempo a explicar que afinal é o líder do Chega que não defende exatamente a prisão perpétua. Quanto aos outros temas – saúde, contas e segurança social -, a vantagem de Rio é mesmo a de não embarcar em demagogias. Crédito para isso. Mas de propostas concretas, zero ou pouco mais que isso.
Eunice Lourenço
Rui Rio 7 – Catarina Martins 6
Foi um bom debate porque foi possível perceber não só diferenças, mas ideias e propostas. Rui Rio começou em modo de justificação, explicando a sua posição sobre a prisão perpétua, que o PS tinha aproveitado para combater o líder do PSD. Catarina Martins, por seu lado, teve o seu melhor debate até agora, foi marcando as diferenças não só com o PSD, mas também com o PS, ainda que sem nomear o partido que o BE ‘ajudou’ a governar.
Na troca de argumentos e de ideias, Rui Rio conseguiu ir mais além na apresentação de proposta, nomeadamente para a saúde e para a segurança social, apesar de ainda não ter apresentado o seu programa. Aliás, Catarina Martins tem feito questão de salientar que a maioria dos partidos, ao contrário do BE, ainda não apresentaram os programas eleitorais. Por perceber ficou uma posição mais curiosa posição do presidente do PSD: “sou católico, mas não crente”.