O presidente da Juventude Popular (JP), estrutura que representa os jovens do CDS-PP, instou os deputados daquela estrutura nas assembleias municipais do país a não participarem no processo eleitoral para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento regional (CCDR).
Numa carta endereçada aos cerca de “60 ou 70” jovens deputados, Francisco Mota considera que “este processo é uma farsa democrática” e desafia todos os deputados municipais da JP a denunciar “o triste espetáculo a que querem colocar todos os deputados municipais”.
O presidente da JP pede também aos eleitos que deem “um sinal claro de liberdade e independência ao recusarem participar no acto eleitoral”, argumentando que este processo é “uma regionalização encapotada patrocinada por PS e PSD, sem que assumam o seu objectivo final” e salientando que “depois da farsa eleitoral, o presidente da CCDR eleito não responderá perante quem o elegeu – os membros da assembleia municipal ou os presidentes de câmara – que formalmente nunca foram considerados ou ouvidos”.
Assim, o líder dos jovens centristas defende que o assunto seja debatido de “forma clara, livre e amplamente participada”, considerando que “há um objectivo claro de ilusionismo com a participação dos representantes locais, numa lógica de democracia representativa, envolvendo todos os partidos, para que tudo na verdade fique na mesma”.
“Representando a Juventude Popular e, a partir dela, as novas gerações que se pautam por uma participação democrática isenta, de pensamento e expressão livres, jamais poderemos ser cúmplices de um crime ético e moral que volta a manchar a classe política e o sistema democrático, afastando cada vez mais as pessoas dos agentes políticos. Este é mais um acto de desgaste da política e, infelizmente, mais um argumento para que o populismo vingue na opinião pública”, critica Francisco Mota.
Pela primeira vez, mais de 10.000 autarcas, entre presidentes de câmara, vereadores, membros das assembleias municipais e presidentes de junta, vão eleger os presidentes e um vice-presidente de cada uma das cinco CCDR, concretamente Norte, Centro, Lisboa e Vale to Tejo, Alentejo e Algarve.
A Direção-Geral das Autarquias Locais divulgou na terça-feira que foram aceites seis candidaturas à presidência das cinco CCDR, três das quais de atuais presidentes, nas eleições marcadas para 13 de outubro.
Os atuais presidentes das CCDR do Centro, a ex-autarca de Leiria Isabel Damasceno, de Lisboa e Vale do Tejo, a arquiteta Teresa Almeida, e do Alentejo, o economista Roberto Grilo, são candidatos.
No Alentejo há mais um candidato, o presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva.
À CCRD do Norte o candidato é o ex-reitor da Universidade do Minho António Cunha e ao Algarve candidata-se o ex-secretário de Estado das Pescas José Apolinário, que pediu para sair do Governo precisamente para se candidatar.
Até agora os presidentes das cinco CCDR – Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve – eram nomeados pelo Governo.
As CCDR são serviços desconcentrados da Administração Central, dotados de autonomia administrativa e financeira, incumbidos de executar medidas para o desenvolvimento das respetivas regiões, como a gestão de fundos comunitários.