O presidente da Iniciativa Liberal (IL) acusou esta sexta-feira o primeiro-ministro de ‘sacudir a água do capote’ na questão da contratação de Sérgio Figueiredo pelo Ministério das Finanças, considerando que António Costa “tem obrigação de intervir”.
“Não entendo. É o governo dele e o senhor primeiro-ministro, ainda há poucas semanas, se meteu a revogar um despacho de um ministro seu. Quando há asneiras feitas em ministérios, o senhor primeiro-ministro não só tem a competência, como tem a obrigação de intervir”, disse João Cotrim Figueiredo aos jornalistas, à margem de uma reunião com a administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), em Portimão.
Momentos antes, o primeiro-ministro tinha recusado comentar a contratação, afirmando que “os membros do Governo são livres de fazerem contratações para os seus gabinetes”.
“Não comento as composições dos membros dos gabinetes dos governos. Como sabemos, os membros do Governo são livres de fazerem contratações para os seus gabinetes, e eu não faço comentários”, afirmou António Costa em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à creche Luís Madureira, na Amadora (Lisboa).
O presidente da IL salientou que “isto é típico do governo de António Costa”.
“Tudo o que é bom, o senhor primeiro-ministro aparece a gabar-se desses ‘louros’ e, quando há problemas, ‘sacode a água do capote’. Não nos parece que seja uma maneira de gerir o país”, acrescentou.
Cotrim Figueiredo manifestou preocupação com “a nomeação de alguém com o perfil” de Sérgio Figueiredo, ex-administrador da Fundação EDP e ex-diretor de informação da TVI, “nas condições em que o foi”.
“Preocupa-nos porque isso significa esta afinidade e proximidade entre um comentador de televisão que agora é ministro e um assessor do ministério que já foi diretor de informação, e até onde é que levou. É isso que nos preocupa: como é possível haver essa proximidade com alguém que foi diretor de informação de uma televisão, não é um cargo qualquer. Isso causa-nos grande preocupação para o futuro”, sublinhou.
O presidente da IL criticou uma nomeação “no contexto do ajuste direto em que o fez, fugindo aos limites salariais a que estaria obrigado se fosse membro do gabinete e permitindo que essa pessoa vá ocupar funções e desempenhar competências que já estão atribuídas” ao Centro de Competências de Planeamento, Políticas e Prospetiva da Administração Pública (PlanAPP), criado em 2021.
“Pergunta-se por que é que esta pessoa é contratada pelo Ministério das Finanças. Não se percebe e acho que o senhor primeiro-ministro devia ter comentado esse assunto”, prosseguiu.
Cotrim Figueiredo frisou ainda que, “desde 29 de março, em que este governo tomou posse”, se tem assistido “a frequentes, regulares e sistemáticos episódios de prepotência e de abuso do poder da maioria absoluta”.
“E temos a certeza absoluta de que o próximo ato vai ser uma repetição de nomeações de favor, do que os portugueses designam comummente e muito bem, como ‘tacho’”, concluiu.