Multiplicam-se as reações de descontentamento contra a formação da lista dos candidatos a deputados de PSD para o círculo eleitoral de Faro. Nas páginas das redes sociais de alguns dirigentes locais, as opiniões são bastante críticas.
O líder da distrital de Faro, Cristóvão Norte, que foi excluído das listas, fez ontem um discurso muito crítico da forma como Rio conduziu o processo na construção das listas de candidatos a deputados.
“Estas listas são um elogio à subserviência e uma homenagem à mediocridade, espero que se ganhar as eleições não faça um governo assim”, apelou.
O POSTAL também ouviu a reação de Francisco Amaral, aquele que foi o mandatário de Rui Rio no Algarve, que publicamos aqui, em peça à parte.
Das reações publicadas nas redes sociais e que chegam por correio eletrónico à nossa redação, um militante do PSD devidamente identificado fala em: lista dos “derrotados de setembro:
A LISTA DOS “DERROTADOS DE SETEMBRO”
A escolha de Luís Gomes para encabeçar a lista de candidatos a deputados do PSD pelo Algarve caiu como um autêntico balde de água fria sobre as estruturas e a militância do partido na região.
Não apenas pelo saneamento de Cristóvão Norte, recentemente eleito líder da distrital algarvia do PSD, que pagou o preço pelas sucessivas “deslealdades” feitas a Rui Rio, mas pelo facto de o reeleito presidente do PSD ter desaproveitado o élan da sua vitória sobre Paulo Rangel junto das bases social-democratas do Algarve ao escolher Luís Gomes, que acabou de perder as eleições para a autarquia de Vila Real de Santo António há apenas dois meses.
Onde se esperava um nome prestigiado e conhecido da sociedade algarvia, eventualmente um independente, dada a escassez de pesos pesados do PSD atual, acabou por surgir um perdedor recente.
Do topo para o fim da lista, a situação ainda mais se agrava. Em número dois surge Rui Cristina, atual deputado, que obteve nas eleições de setembro passado o pior resultado de sempre do PSD em Loulé. Terceira na lista, Ofélia Ramos, também deputada, continua um nome praticamente desconhecido do eleitorado algarvio. Em quarto lugar surge o ex-padre Dinis Faísca, que perdeu tangencialmente as eleições autárquicas em Tavira, honra lhe seja feita, mas não deixa de ser um derrotado também. Em quinto lugar surge inexplicavelmente Álvaro Viegas, responsável pelo pior resultado autárquico do PSD em Olhão, desde o 25 de abril. Bruno Costa perdeu as eleições em São Brás de Alportel por larga margem. Segue-se um conjunto de nomes praticamente desconhecidos do eleitorado algarvio.
A dúvida instalou-se junto de muitos militantes, simpatizantes e eleitores do PSD algarvio: é com esta lista de “derrotados de setembro” que o PSD quer vencer eleições? E aguardam com expectativa pelas escolhas do Chega, do Iniciativa Liberal e do CDS para dar destino ao voto do seu descontentamento.
CRÍTICAS DE APOIO E DE SOLIDARIEDADE A CRISTÓVÃO NORTE
Entre os vários comentários e testemunhos deixados nas redes sociais a favor de Cristóvão Norte, muitos são da opinião que “o Algarve vai perder a única voz que efectivamente luta pela região”.
Uns dizem que “definitivamente [este] não é o PSD que Sá Carneiro fundou”, ou que “perdemos o único deputado que defendia o Algarve”, que “o Algarve vai perder voz”.
Que foi o deputado algarvio “mais notável dos últimos anos” e que ficar fora da lista é uma “tristeza”. Há mesmo quem diga que é a “meritocracia medida em fidelidade canina”.
Também há quem, não sendo do PSD, reconhece “o trabalho feito por Cristóvão Norte pelo Algarve, sempre na defesa da região”, ou que “pela primeira vez” sentiu que “estava representado na Assembleia da República”.
Outros ainda agradecem a sua “dedicação, persistência, integridade, trabalho por tudo” e lamentam a falta que fará “a voz na Assembleia da República de Cristóvão Norte.
No início desta manhã, Cristóvão Norte deixou um “agradecimento” nas redes sociais:
“Foi uma extraordinária viagem. Um privilégio ter servido a minha região e o meu país no parlamento. O maior da minha vida. Obrigado!
Saio com a felicidade de ter dado o meu melhor, mas com a tristeza de ficar tanto por fazer. Fiz grandes amizades, tive colegas extraordinários. Vivi tudo na plenitude.
Atrás de tempos, tempos vêem. Viva Portugal!”
– Notícia atualizada às 23:05