Os eleitores que se deslocaram este domingo de manhã à Escola Secundária Pinheiro e Rosa no concelho de Faro elogiaram a boa organização com que decorreu a votação antecipada para as eleições legislativas de dia 10.
Todas as pessoas com quem a agência Lusa falou à porta deste estabelecimento de ensino sublinharam ainda que a possibilidade de votar antecipadamente facilita a vida pessoal ou profissional.
Segundo fonte da Câmara de Faro, neste concelho algarvio são 2.844 os eleitores que se inscreveram para votar antecipadamente em mobilidade num universo de 208.007 em todo o país.
“Sou de Faro, mas vou estar em Lisboa por razões profissionais em 10 de março”, explicou à Lusa Tiago Cadete, de 40 anos, realçando ser importante poder votar antecipadamente, cumprindo um direito e um dever que tem como cidadão.
Tiago Cadete afirmou que a votação está bem organizada e que está habituado a votar antecipadamente, porque tem uma vida profissional que o leva de “um lado para o outro”, tendo mesmo já votado em consulados de Portugal no estrangeiro.
O eleitor confessou que apenas tem alguma “angústia” porque na última semana de campanha eleitoral pode haver declarações novas ou desenvolvimentos que o poderiam levar a votar, “eventualmente”, num outro partido.
“Fico sempre a pensar: espero que não aconteça nada que me arrependa” a ter votado em determinada força política, disse.
Dois amigos, Joana e Bernardo, respetivamente de 26 e 27 anos, já estão a morar e a trabalhar em Faro, mas ainda não alteraram a morada para votar, o que os levou a exercer o seu direito este domingo.
Ambos sublinharam a boa organização e a rapidez de todo o processo, ajudado pelo número reduzido de eleitores.
Uma outra amiga de Chaves, Nádia, de 26 anos, já mudou a morada para votar na capital algarvia, mas decidiu fazê-lo este domingo porque o seu aniversário é daqui a uma semana, a 10 de março, exatamente no dia das eleições para a Assembleia da República.
“Não quero ter de votar no meu dia de anos. Tenho outras coisas para fazer”, afirmou.
Custódia Teixeira, de 84 anos, com alguma dificuldade em andar, foi este domingo votar antecipadamente pela primeira vez acompanhada pela filha, que só irá exercer o seu direito daqui a uma semana.
“Hoje é mais fácil. Daqui a uma semana vai estar muita gente e podia atrapalhar-se”, disse Custódia Teixeira à Lusa.
Os membros da família Martins também votaram este domingo, porque daqui a uma semana vão estar em viagem.
Uma trabalhadora da Câmara de Faro, Carla Apolo, que dá o seu apoio à votação, explicou que, normalmente, todos os eleitores que pediram para beneficiar do voto antecipado em mobilidade irão exercer o seu direito, mas se não o fizerem poderão ainda votar no dia 10, no local onde estão inscritas.
“Quem não votar hoje pode fazê-lo no dia 10”, insistiu Carla Apolo, que também aproveitou para votar “com calma”, visto que daqui a uma semana trabalha.
Votação antecipada decorre com fluxo contínuo e organizado no Porto
A votação antecipada que hoje decorre no Palácio de Cristal, no Porto, decorreu durante a manhã com um fluxo contínuo e organizado, sem filas, nas 30 mesas dispersas pela Arena Superbock e no piso inferior do edifício.
Cerca das 10:00, tinham já exercido o seu direito de voto 650 eleitores, o que corresponde a cerca de 07% dos 9.200 inscritos, segundo disse à agência Lusa o diretor municipal da presidência, Adolfo Sousa.
No Porto, “decidiu-se concentrar a votação no Palácio de Cristal, por existirem melhores condições, não será por falta de condições que não votam”, sublinhou Adolfo Sousa.
Na última votação, em tempo de pandemia, em 2022, inscreveram-se 17 mil eleitores, distribuídos por oito assembleias de voto, em cada uma das freguesias e na Arena.
Ao longo da manhã, jovens e menos jovens, sozinhos ou em grupo, muitos em família, entravam no Palácio de Cristal e eram rapidamente encaminhados para as respetivas mesas de voto, com cerca de 300 eleitores cada uma.
A Lusa constatou no local a participação de eleitores de Bragança, Viseu, Faro, Madeira e Açores.
Maria Moniz, estudante deslocada, da Ilha de S. Miguel, Açores, a fazer mestrado em Educação, no Porto, não queria “perder a oportunidade de votar”.
“Está tudo muito bem organizado, não esperei nada, cheguei e votei”, disse a jovem, que estava acompanhada por uma conterrânea a trabalhar no Porto, na área dos Recursos humanos.
Um outro grupo de estudantes universitários deslocados, uma dos Açores e quatro da Madeira, manifestaram o seu agrado por poderem votar antecipadamente, uma vez que não vão estar nas suas residências no dia 10.
“Foi tudo muito rápido e muito simples”, disseram à Lusa.
Também dos Açores, um casal de idosos, que se encontra no Porto por razões de saúde, sem data fixa para regressar, optou pela votação antecipada: “Assim, já ficamos despachados”, disseram.
Já Elsa Oliveira, natural do Porto, optou por votar antecipadamente por comodidade.
“Este fim de semana, a minha filha está com o pai e no próximo está comigo. Achei mais confortável, para mim, votar hoje”, afirmou.
A seu lado estava Rui Brito, que veio só acompanhar Elsa Oliveira, uma vez que vai votar no dia 10.
“O meu voto vai valer por dois”, ironizou.
O número total de eleitores que pediu para votar este domingo, 208.007, é inferior ao das legislativas de 2022 (315.785 inscritos), mas muito superior aos inscritos nas legislativas de 2019 (56.291).
O chamado voto em mobilidade permite aos eleitores votarem uma semana antes num concelho à sua escolha. Se não o fizerem, podem fazê-lo no dia das eleições, ou seja, no dia 10.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar na escolha de 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas – 15 partidos e três coligações.
Entre os inscritos está o Presidente da República, que decidiu votar antecipadamente por se sentir esclarecido relativamente às propostas dos candidatos e por considerar que é um estímulo contra a abstenção.
Leia também: Waze passa a detetar aproximação de linces no Algarve e Alentejo