Uma proposta de dois milhões de euros da galeria de arte inglesa Entwistle para adquirir a escultura Nikisi Nkondo que integra o espólio do Museu Municipal de Faro foi hoje recusada por unanimidade em reunião camarária.
A peça, associada a práticas tribais do Congo ligadas à feitiçaria e à espiritualidade, é das mais requisitadas para exposições em museus de referência na área da antropologia, é motivo de estudo e investigação e foi oferecida ao museu em 1917 por um munícipe.
O facto de a proposta ter sido levada à reunião do executivo foi explicada pela liderança municipal social-democrata como um cumprimento da lei – apesar de se vincar que nunca houve qualquer intenção de aprovar a venda -, mas foi alvo de críticas por parte dos vereadores socialistas, por suscitar dúvidas, explicou à Lusa o vereador do PS Paulo Neves.
Durante a discussão, os vereadores pediram a alteração e a clarificação da posição da liderança da autarquia.
Paulo Neves contou que o pedido foi aceite e que foi decidido fazer uma avaliação para eventual seguro da obra.
Vai ser levada à próxima Assembleia Municipal uma proposta para classificar a estátua como bem de interesse municipal e intransmissível.
As decisões foram tomadas com votação unânime.
Fonte oficial da Câmara de Faro explicou à Lusa que a apresentação da proposta em reunião de câmara era obrigatória e que o executivo não podia recusá-la sem antes a submeter a análise junto de todos os elementos da vereação.
“A câmara e o seu executivo nunca tiveram, nem nunca terão, intenção de alienar património museológico do concelho de Faro. Tínhamos, sim, a obrigação de levar essa proposta à Câmara Municipal para que esta deliberasse se queria aliená-la ou não”, frisou a mesma fonte.
(Agência Lusa)