Os apoiantes de Donald Trump pediram uma resposta armada violenta e uma “guerra civil”, após terem tomado conhecimento de que o FBI fez buscas na casa do antigo Presidente norte-americano em Mar-a-Lago, na Flórida.
“A Guerra Civil 2.0 acaba de começar”, escreveu um utilizador na rede social Twitter, onde outro apoiante acrescentou: “Um passo mais perto de uma guerra civil.” Várias respostas de pessoas prontas para participar não se fizeram esperar. “Já comprei a minha munição”, pode ler-se ainda.
Grupos de conspiração que difundem ideias de extrema-direita, como o MAGA e o QAnon veicularam pedidos de uma resposta violenta ao que encaram como um ataque político dirigido pelo governo de Biden. “É assim que se acende o fósforo para uma guerra civil”, escreveu um utilizador no Twitter, em resposta à notícia.
Uma retórica semelhante foi partilhada em canais de extrema-direita no Telegram, detalha o portal de notícias VICE. “Com a guerra civil a chegar à América, não haverá eleições”, referiu uma das contas. “Uma guerra total contra os dissidentes está prestes a desenrolar-se; não a portas fechadas, mas descaradamente, em público”, escreveu outro membro inscrito num canal de extrema-direita. “Os ataques aos réus Alex Jones [um conspiracionista que divulgou desinformação sobre um ataque a uma escola em que morreram 20 crianças] e Trump estão apenas a estabelecer o precedente para o nosso futuro como a única oposição ao Deep State.”
Nos canais QAnon, alguns crentes da conspiração pediram respostas armadas e outros sugeriram que o FBI fazia parte do plano. Um proeminente influenciador do QAnon, conhecido como QAnon John, pediu aos seguidores que não convocassem uma guerra civil, já que isso seria “o que o Deep State quer” que seja feito.
No entanto, poucas horas após o anúncio das buscas do FBI, o termo “guerra civil” já se tornava tendência no Twitter, e centenas de apoiantes de Trump já se reuniam do lado de fora da residência de Mar-a-Lago, para, como alegaram, “protegerem” o ex-Presidente.
Em resposta a um ‘meme’ que sugeria que as vendas de armas e os acidentes de barco aumentariam após a invasão do FBI, um membro do ‘TheDonald’, um fórum de mensagens pró-Trump, escreveu: “Se é hora de escondê-los, é hora de usá-los.”
No ‘tópico principal’ sobre os desenvolvimentos desta manhã de terça-feira, pode ler-se o seguinte comentário: “Bloquear e carregar.” No mesmo tópico, outro utilizador escreveu: “Certamente parece que eles estão a tratar isto como uma guerra civil. Quando tudo estiver dito e feito, as pessoas responsáveis por estas ações de tirania terão de ser enforcadas.”
Estes fóruns são os mesmos onde foi veiculada uma retórica igualmente violenta, aquando da preparação do 6 de janeiro, a invasão do Capitólio.
Donald Trump, ao confirmar as buscas do FBI, usou também palavras inflamadas: “A minha linda casa, Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, está atualmente sitiada, invadida e ocupada por um grande grupo de agentes do FBI. Eles até arrombaram o meu cofre. Qual é a diferença entre isso e o Watergate, quando os agentes invadiram o Comitê Nacional Democrata?” Declarações dos principais líderes e parlamentares republicanos, bem como personalidades representativas de direita, também impulsionaram parte desta narrativa.
A deputada do estado da Geórgia Marjorie Taylor Greene disse, sem referir provas, que a ação do FBI era um sinal de que a agência tinha sido “montada” pelos democratas e pelo Presidente Joe Biden para perseguir Trump. “Este é o comportamento desonesto dos países comunistas, NÃO dos Estados Unidos da América!!!”, escreveu Marjorie Taylor Greene. “Este é o tipo de coisa que acontece em países durante uma guerra civil.”
Kevin McCarthy, líder republicano da Câmara dos Representantes dos EUA, emitiu um aviso ao procurador-geral Merrick Garland sobre as ações do FBI. “O Departamento de Justiça atingiu um estado intolerável de politização armada”, acusou.
Um alto funcionário da Casa Branca disse à CBS que o governo do presidente Joe Biden não foi notificado da busca do FBI na Flórida na segunda-feira. A Casa Branca afirma que está a limitar as suas interações com funcionários do Departamento de Justiça para evitar qualquer indício de pressão política ou ação imprópria.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL