“É urgente afirmar pela positiva o interior do país, impondo-se políticas públicas orientadas para esse fim.
Importa definir e implementar medidas específicas e sectoriais, promover e valorizar os recursos endógenos, identificar e estimular projectos estruturantes,…, criando assim o ambiente e as condições favoráveis à fixação de pessoas, e assegurar uma nova vitalidade e uma prosperidade sustentável nas regiões do interior”.
(Programa Nacional para a Coesão Territorial)
Eis um diagnóstico que tão bem sintetiza a situação de menoridade a que o “interior” tem sido votado.
Correspondendo a este “apelo”, de afirmar pela positiva o interior do país, pretende-se para Tavira um projecto diferenciador, consonante com os desígnios de desenvolvimento económico inteligente, que fixe pessoas, que promova e vitalize a nossa cidade e a nossa região.
Nesta série de três artigos procurar-se-á dar nota de tal intenção.
Como é universalmente conhecido, as excelentes condições naturais, climáticas e geográficas do Algarve, conduziram ao desenvolvimento duma indústria turística de enorme relevância que se tem vindo a projectar além- fronteiras, com inerentes benefícios para o desenvolvimento regional e para a economia nacional.
As entidades responsáveis, não tanto quanto possível e desejável, vêm desenvolvendo alguns programas e apoiando iniciativas procurando reduzir ou eliminar a crónica sazonalidade a que tem estado sujeito o turismo na região.
Encontramo-nos razoavelmente bem apetrechados em termos de hotelaria, de restauração e de infra-estruturas de lazer, existindo até capacidade para novos equipamentos. Assim a procura o determine, e a vontade e imaginação dos agentes políticos, dos investidores e dos jovens empresários façam essa aposta.
São porém muitas as carências e múltiplas as deficiências que em muito condicionam e limitam a afirmação e a imagem da região, de que os “média” nos dão diariamente notícia.
É sentido o deficit de realizações culturais e sua distribuição ao longo do ano. Não será a ocorrência de programas pontuais e intensivos que alterarão a situação estrutural existente, como as experiências dum passado recente bem comprovam.
É notória a falta, a Sotavento, de salas de espectáculo, auditórios ou estúdios e de condições para o exercício de actividades quer criativas, quer de produção. Se bem que nos últimos anos a criação de novos Museus no Algarve seja uma realidade, é manifestamente insuficiente a cobertura regional deste importantíssimo veículo de cultura. A título de exemplo refira-se que, para cá de Faro, somente se dá boa nota do Museu Municipal de Tavira e de pequenos núcleos museológicos, nascidos de iniciativas municipais. De Olhão à fronteira salas de espectáculo/auditórios, contabilizam-se ZERO.
Em âmbito mais alargado caberá referir que a sul do Tejo, aparte iniciativas de âmbito municipal, naturalmente sujeitas aos conhecidos condicionamentos e condicionalismos, a CULTURA tem sido o “parente pobre” da nossa vivência democrática, pese embora o esforço e empenho de agentes, actores e artistas e as disponibilidades do poder local par apoio de iniciativas.
Não é razoável que neste Sul de Portugal e especialmente neste Algarve, que se pretende de excelência turística, a arte e a cultura não mereçam o devido relevo e tratamento. Urge criar condições que permitam e potenciem o desenvolvimento da criatividade e das artes, por forma a ser efectuada uma harmoniosa cobertura de todo o Algarve.
A Estratégia Regional de Investigação para a Especialização Inteligente, vem abrir uma janela de oportunidades a qual terá que ser encarada como da maior oportunidade para nossa região e muito espacialmente para a nossa cidade.
E é assim que aqui se reafirma a oportunidade de fomentar a criação de Indústrias Culturais e Criativas, (ICC’S) considerando-se prioritário este eixo do nosso desenvolvimento.
Para a nossa cidade, “acreditamos que é altura de reafirmar Tavira como um destino Cultural diferente, assumindo de uma forma estratégica e organizada um projecto no domínio das Artes e da Cultura… tornando-a competitiva e qualificada a quem a visita e garanta o sustento a quem aqui vive”.
Estamos convictos, dada a evidência das valias que um projecto cultural comporta, que a autarquia irá colocar todo o empenho na prossecução duma tão necessária alavanca do nosso desenvolvimento.
O turismo assimilará com avidez tudo o que se paute pela qualidade e Tavira ver-se-á beneficiada com valiosos instrumentos de cultura e de desenvolvimento.
(Continua)