O mais recente barómetro do Imovirtual, portal imobiliário de referência, revelou mudanças significativas no mercado imobiliário do Algarve. Comparando os dados de outubro de 2024 com o mesmo período do ano anterior, destacam-se variações nos preços médios de venda e arrendamento de habitação, com especial enfoque no concelho de Lagos, que registou uma diminuição no preço médio de arrendamento.
A nível nacional, comprar casa tornou-se 23% mais caro, passando de 329.400€ para 405.800€. Este aumento significativo reflete a contínua valorização do mercado imobiliário português. No distrito de Faro, o cenário não é diferente. O preço médio de venda subiu 12%, fixando-se nos 545.000€, em comparação com os 485.000€ registados em outubro de 2023.
No entanto, é no mercado de arrendamento que surgem as variações mais marcantes. A nível nacional, a renda média aumentou 25%, passando de 1.200€ para 1.500€. No distrito de Faro, o aumento foi mais modesto, de 5%, com a renda média a subir de 950€ para 1.000€. Lagos, em particular, contrariou a tendência de aumento, registando uma diminuição de 8% no preço médio de arrendamento, passando de 1.200€ para 1.100€.
Esta descida em Lagos pode ser atribuída a vários fatores. A possível saturação do mercado turístico, a oferta excedente de alojamentos ou até mudanças na procura por parte dos arrendatários podem ter influenciado esta tendência. Independentemente das causas, esta redução representa uma oportunidade para quem procura habitação na região, tornando Lagos uma opção mais acessível em comparação com outros concelhos.
Contrariamente, concelhos como Olhão, São Brás de Alportel e Faro registaram aumentos expressivos nos preços de arrendamento, de 200%, 179% e 150%, respetivamente. Estes aumentos podem ser indicativos de uma procura crescente, possivelmente impulsionada pelo turismo e pelo interesse de investidores estrangeiros. No entanto, tais variações abruptas podem levantar preocupações sobre a acessibilidade habitacional para os residentes locais.
No que toca aos preços de venda, Alcoutim destacou-se com um aumento de 30%, passando de 100.000€ para 130.000€. Faro, Albufeira e Portimão também registaram aumentos significativos. Por outro lado, Loulé e Monchique foram os únicos concelhos a apresentar diminuições nos preços médios de venda, de 6% e 15%, respetivamente. Estas descidas podem refletir ajustes naturais do mercado ou mudanças na atratividade dessas localidades.
Os concelhos mais caros para comprar casa continuam a ser Loulé (750.000€), Vila do Bispo (650.000€) e Albufeira (630.000€). Em contraste, Alcoutim (130.000€), Monchique (168.000€) e Vila Real de Santo António (280.000€) mantêm-se como as opções mais acessíveis para aquisição de habitação.
Estas variações no mercado imobiliário algarvio evidenciam a dinâmica e a volatilidade características de uma região fortemente influenciada pelo turismo. Enquanto alguns concelhos experienciam aumentos acentuados nos preços, outros apresentam sinais de estabilização ou até diminuição. Esta heterogeneidade sublinha a importância de análises locais e específicas, em vez de generalizações a nível distrital ou nacional.
Para os potenciais compradores e arrendatários, é essencial estar atento a estas tendências e procurar aconselhamento especializado. O Algarve continua a ser uma região de grande atratividade, mas as oportunidades variam significativamente de concelho para concelho. A diminuição dos preços de arrendamento em Lagos, por exemplo, pode representar uma oportunidade única para aqueles que procuram estabelecer-se numa das zonas mais emblemáticas do litoral algarvio.
Em suma, o mercado imobiliário do Algarve encontra-se em transformação, refletindo mudanças económicas, sociais e turísticas. Será crucial acompanhar de perto estas tendências nos próximos meses, de forma a compreender plenamente o seu impacto na região e nas comunidades locais. O equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a sustentabilidade social será determinante para o futuro do Algarve enquanto destino de eleição para viver, trabalhar e visitar.
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