No desempenho das minhas funções na gestão de segurança de eventos musicais, deparei-me na passagem de um ano com um problema gritante de integração. Um espetáculo animado pelos D.A.M.A., num ambiente familiar, seguido à meia noite pelo fogo de artifício tradicional, tornou-se esteticamente um retrato de Portugal do século XXI que me deixou apreensivo e preocupado.
Grupos de imigrantes oriundos de países de fé muçulmana (Argélia, Marrocos, Bangladesh, Paquistão, entre outros) estavam em grupos de 5 a 10 indivíduos também eles em todo o seu direito de festejar, a tentar entrar em contacto com mulheres e senhoras que assistiam ao concerto. A forma ostensiva e quase agressiva (reflexo de muito álcool e testosterona) tornou toda a situação insuportável, com várias queixas de menores e várias expulsões do recinto, condicionadas pelo facto de ser um recinto em via pública.
Antes de continuar, devo frisar que sou imigrante e negro, tendo chegado a Portugal em 1987, falando somente francês e holandês. Pelo que em nenhuma das minhas opiniões encontrarão sinais de xenofobia ou racismo.
Ao analisar os acontecimentos da passagem de ano, bem como outros incidentes similares, eis as conclusões que tenho “matutado” :
- A imigração oriunda das ex-colónias africanas na década de 80, bem como as migrações dos países de leste no final dos anos 90 e inícios do século, tinham em comum um equilíbrio de género, ou seja, existiam homens e mulheres que formaram comunidades, procriaram, puseram seus filhos em escolas públicas e desta forma aceleraram o processo de aculturação, quebrando barreiras sociais através da educação, desporto e cultura. Com raríssimas exceções , esta diáspora muçulmana tende a ser masculina;
- A relação homem – mulher existente nos países muçulmanos não dignifica o papel da mulher na sociedade, renega-o para um papel secundário, castiga a sua sexualidade fora do casamento tradicional, “tapa” literalmente a beleza feminina. Então, quando confrontados com a imagem da mulher ocidental cosmopolita, trabalhadora e dona da sua imagem, existe um sentimento de desdém e uma gritante falta de respeito, visível nos olhares, risos, comentários e abordagens.
- Temos que aceitar que este processo de integração social vai ser difícil, demorado (2 a 3 gerações), mas acima de tudo vai ser fraturante para a sociedade portuguesa. Com o senhor André Ventura a usar a bandeira do medo, da insegurança e do nacionalismo como bandeira política. Do outro lado haverão defensores dos direitos dos imigrantes dispostos a fechar os olhos a problemas bem visíveis. Mas no meio estaremos nós, os nossos filhos e os nossos pais, bem como o desejo sincero e puro de pertencermos simultaneamente a uma sociedade humana e uma sociedade segura.
A SOLUÇÂO? Não a tenho, mas sugestões não me faltam:
- Quotas de género para a imigração, por exemplo; por cada imigrante do género masculino deve entrar um imigrante do género feminino;
- Aulas de cidadania obrigatória para a admissão de um funcionário oriundo de países fora da EU; – Uma campanha publicitária massiva sobre Portugal, a sua história, os seus valores e o seu respeito por todos os cidadãos do mundo.
Em suma, o tempo será a solução, os extremos serão a tentação, o bom senso será sempre uma boa opção. Devemos enquanto cidadãos inteligentes e informados ter a capacidade de analisar esta problemática sem promover o ódio em gerações futuras, mas sem hipotecar o futuro. Devemos em caso de dúvida sempre olhar romanticamente para a história tantas vezes repetida na infância de qualquer algarvio: A Lenda das Amendoeiras em Flôr, este conto fala de integração, relações inter-raciais, mudanças estruturais no território e a capacidade do Algarve de mudar sempre para melhor sem nunca perder a sua beleza e essência.
* Diretor de Operações Profive – Segurança Privada Lda
CEO SLAM – Marketing & Consulting
Presidente Sociedade Recreativa Almancilense
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