1 – Introdução
A geração de 70 ou geração de Coimbra foi um movimento académico literário, político e cultural de grande significado no século XIX, tendo feito a introdução ao Realismo que veio repudiar a artificialidade do neoclassicismo e do romantismo, sentindo a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado.
As célebres conferências do Casino foram o expoente máximo destas ideias em Portugal, pois pretendia-se debater os problemas do país e aproveitar a onda de mudança que se vivia noutros pontos da Europa.
Eça de Queirós, Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Teófilo de Braga, Manuel de Arriaga, Adolfo Coelho, entre outros foram grandes protagonistas e interventores, nestas importantes conferências.
As mesmas eram denominadas “democráticas e revolucionárias” e por conseguinte, foram proibidas pelo primeiro-ministro de então, o Marquês de Ávila e Bolama, no âmbito da monarquia constitucional portuguesa existente (1820-1910).
2 – A situação atual na República
Portugal está a atravessar um período político-socio-económico e até mesmo cultural que nos faz “recuar” a este tipo de reacção intelectual da geração de 70, no século XIX.
As ideias mencionadas (quadro em anexo) por Eça de Queirós, são muito semelhantes ao pensamento de alguns pensadores e críticos da política dos nossos dias com as suas susceptíveis falhas
“O país está perdido” diz Eça de Queirós…
O efeito das ideias da geração de 70 “repercutiram-se” num golpe de Estado que acabou com a monarquia constitucional e gerou a implementação da República em 1910.
A História tem demonstrado ser cíclica com períodos mais ou menos duradouros, uns melhores e outros piores.
Espero, particularmente, como pensador e crítico que, modestamente, me julgo, também ser, não haja uma ruptura política para pior…
A democracia, muito embora não seja um sistema perfeito porque nada é perfeito na vida do homem, ainda é o sistema mais humanizado e equilibrado, socialmente… mas que não deve ser deturpado ou deformado.
Os culpados serão sempre os homens que se perdem nas ideias e acções, descambando para o pior lado, por vezes.
Haja bom senso e boas práticas políticas no nosso país!
* Pós-graduado e técnico superior em SHST;
Licenciado em História e Ciências Sociais;
Outras;
Cidadão pró-activo.