“É uma das prioridades fundamentais. O país entende bem que as contas certas, as finanças saudáveis, são uma condição para nós termos melhores instrumentos de apoio à economia, de vida das famílias, das empresas, em todos os contextos e, principalmente, nos mais adversos”, Fernando Medina, in DN 30/03/2022.
Este discurso está correto, mas será que o novo ministro das finanças tem a coragem e força política para impor fortes restrições ao despesismo e passar, a curto prazo, para um excedente orçamental e, por isso, começar a reduzir a dívida? O hábito dos governos PS não é esse, o gráfico abaixo assim o demonstra.
A falta de concentração de esforços na reestruturação das áreas fundamentais da sociedade e da economia, aliada aos interesses imediatistas dos partidos que apoiaram o governo, conduziram-nos a esta situação dramática de termos que pagar uma divida muito superior a toda a produção nacional anual, a qual tem que ser paga com esforços redobrados pela população. Mais importante do que os apoios às empresas é o não dificultar a vida a quem produz, reduzir a burocracia e por exemplo isentar as empresas do pagamento de IRC nos primeiros cinco anos de funcionamento em vez de dar subsídios diretos e isenções às multinacionais para se instalarem no país, muitas das quais, depois de terem os milhões de subsídios no bolso, fecham as portas e vão-se embora.
Em 2022 os trabalhadores e outros detentores de rendimentos fixos vão perder poder de compra devido à subida da inflação, os juros também vão ter de subir por isso os custos da divida pública vão aumentar para valores incomportáveis pelo orçamento do Estado, isto é: vamos ter que apertar o cinto para pagar os juros e a divida criada devido ao que o Estado andou a gastar a mais durante duas décadas.
Precisamos de governantes com muita competência e honestidade intelectual.
* Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa
Mestre em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela U. Sevilha
Professor aposentado