Tenho lido que é preciso um novo 25 de Abril e como tal, até há quem não o queira comemorar, ou dele nada queira saber.
Bem, o certo é que esta revolução propôs-se encerrar um regime ditatorial e que, particularmente, aqui menciono, fosse ele (Estado Novo) um regime de extrema direita ou extrema esquerda porque as
ditaduras têm algo em comum.
Infelizmente, os adeptos do regimes de ditaduras são confusos e até mesmo “artistas do futebol surreptício e rasteiro com caneladas à mistura”.
Foram cerca de 41 anos de regime autoritário (Estado Novo 1933-1974), conservador, nacionalista, corporativista de Estado de inspiração fascista, parcialmente católica e tradicionalista, de cariz antiliberal, antiparlamentarista, anticomunista, e colonialista.
Este regime vigorou em Portugal sob a Segunda República que apareceu, após um golpe de Estado, consumado o triunfo do movimento, a 6 de Junho de 1926, na Avenida da Liberdade em Lisboa, Gomes da Costa, desfila à frente de 13 mil homens, sendo aclamado pelo povo da capital.
Protagonistas principais no Estado Novo:
– De 1932-1968 – António de Oliveira Salazar;
– De 1968-1974 – Marcello Caetano.
Após um outro golpe de Estado, este no dia 25 de Abril de 1974, implementou-se um regime democrático com outros princípios humanos, sociais, políticos, culturais, éticos, morais, etc.
Independentemente, do decurso dos anos pós-25 de Abril, quiçá poderão ter sido goradas algumas boas expectativas. Contudo, na sua essência há que considerar a manutenção dos seus bons princípios fundamentais que, infelizmente, no anterior regime não existiram.
A perfeição é mais que certa que não existe, nem nunca existirá na dimensão humana.
Contudo e sem dúvida, haverá sim algo menos imperfeito e mais humanizado. Opte-se então na minha óptica, por isso.
Daí que cada qual, livremente, possa pensar, acerca das diferenças entre os dois tipos de regimes mencionados: Um com uma ditadura de “tendência fascista” e outro com uma democracia, mesmo que “aleijada”…
Quem tiver dúvidas consulte um simples dicionário da nossa língua lusa, ou a Wikipédia para conhecer estes dois conceitos.
Quem teve vivências nos dois tipos de regime poderá bem melhor ajuizar porque sentiu-as, directamente na pele, coração e olhos para o confirmar…
Bem diferente pensará, sobretudo, a camada mais jovem que pela sua não vivência, só conheceu a questão do 25 de Abril 74 pelo que foi lhe lido ou transmitido, à moda do “jornalisco e cassetes de encomenda”.
É preciso viver-se e não apenas ouvir-se o imperfeito e mentiroso homem para depois, afirmar-se algo como sendo a verdade absoluta!
Devem pois serem lidas e ouvidas as diversas versões e não apenas as de tendência política, entre outras de sua afeição.
Uma coisa não aconteceu, certamente, com o movimento do 25 de Abril pela conquista da democracia que foi uma “limpeza TIDE” feita em praça pública, ou nos pelourinhos das igrejas, na versão do tribunal da Santa Inquisição e ainda o uso de gaiolas para “pombos correios”.
Aliás, infelizmente, tudo isso foi feito nos regimes ditatoriais e que, tristemente, ainda continuam por esses mundo fora…
Continuaram, felizmente livres e bem bom, os designados fascistas daquele tempo porque a democracia não é miscível, não é odiosa, nem criminosa como a história o pode demonstrar, face a outros regimes bem descritos pela tinta escorrida pelos diversos Historiadores, até com várias tendências.
O que não poderá acontecer é que depois dessa liberdade concebida surjam, novamente, como que “cogumelos hibernados” e agora ao abrigo dessa sua liberdade venham de “vara erguida” para chibatarem aqueles que lhes passaram a “carta de alforria”.
A ingratidão é que não pode continuar a obstruir o desenvolvimento, natural e intelectual “do cérebro”…
* Pós-graduado e técnico superior em SHST;
Licenciado em História e Ciências Sociais;
Outras;
Cidadão pró-ativo e historiador.