Importa salientar que o Programa de Governo é pensado e redigido para o termo do mandato do mesmo, ou seja, 4 anos e 7 meses, devemos então refletir se uma região com as características do Algarve tem apenas estas 3 prioridades enunciadas pelo Governo ou se o Algarve continua uma estância de férias para as cortes de Lisboa.
Na primeira referência ao Algarve, e aquela “Promessa” que é mais popular de entre todas no Algarve, aparece espelhada a intenção de “Construir as novas unidades hospitalares, (…), Central do Algarve (…)”, por muito popular que seja e por muito que concorde quer na necessidade quer na urgência da sua execução, ninguém, em tempo algum, acreditará que em 4 anos e 7 meses de Governo será elevado um novo Hospital Central do Algarve. Primeiro porque ainda não foi realizado nenhum estudo sobre o mesmo, não existe local definido, não existe caderno de encargos, não existe concurso público e nem sequer vem espelhada qualquer de qualquer uma dessas intenções naquele que foi o Orçamento de 2022( o célebre documento que nos deixou sem governo e foi usado como Programa às Eleições Legislativas de 31 de Janeiro) e, portanto, usando a gíria, mais uma promessa “para Inglês ver”.
A segunda e terceira( e última) referência ao Algarve no Programa de Governo focam-se na problemática da seca, a continuidade dos vários planos de gestão incluídos nos Planos de Gestão das Redes Hidrográficas e ainda a revisão da fórmula de cálculo do Tarifário da Água para Rega onde se penaliza o absentismo e se procura privilegiar a eficiência hídrica. Infelizmente são apenas mais um conjunto de intenções que a curto e médio-prazo em nada travará o agravamento da seca na região. Se não existir uma atualização do “tal” Orçamento do Estado, em consonância com o “apoio” via PRR para o combate à seca nada será efetivamente concretizado a curto e médio-prazo. A evidente ausência de referências a um potencial estudo para uma unidade de dessalinização ou outra unidade de qualquer tipo que nos ajude a combater no imediato este flagelo é continuar a falhar aos Algarvios.
Neste programa de Governo, ficou de fora a recuperação das empresas da região, o combate à sazonalidade, a diversificação do tecido empresarial, o aumento do efetivo da Proteção Civil, a melhoria de condições para atividades marítimas, a fixação de jovens no território, a potencialização do Algarve como um Hub Europeu para Empresas Tecnológicas entre tantas outras questões que poderiam melhorar a qualidade de vida dos Algarvios e de quem procura regiões como Algarve para desenvolver a sua atividade profissional.
Estas 3 referências são proporcionais à importância da região para um Primeiro-Ministro que assumiu em Sessão Plenária que não precisa de apostar no Algarve porque o Algarve continua a confiar-lhe o seu voto mesmo quando ele não olha por ele. Esta, infeliz, verdade enunciada por António Costa deveria servir como um “abre olhos” para todos os que continuam a acreditar no mesmo, eleição após eleição, deixando a região cada vez mais estagnada. Quem não acreditar na desconsideração pelo Algarve que olhe para a composição do Governo de António Costa, em 55 elementos nenhum é do Algarve, será que a Região não tem quadros qualificados que possam ser uma mais valia para as lides governativas e que possa ser uma voz ativa da Região junto do Governo?
Infelizmente, excluindo este conjunto parco de intenções para 4 anos e 7 meses, o que ficou de fora do Programa de Governo é, uma vez mais, o Algarve e os Algarvios.