Pessoa que muito prezo, pelo assertivo do seu pensamento, plasmado nos escritos que faz publicar na imprensa regional, Carlos Albino, com o seu refinado humor, vem alertar-nos para um tema da maior importância e de grande sensibilidade – os apoios à cultura. (subsídios).
Diz Carlos Albino: “Em matéria de subsídios designadamente com marca d’água da Europa, a transparência de uma instituição pública local ou regional, começa por informar, com rigor e atempadamente, quanto se dá, a quem se dá, com que condições se dá, quem avalia e quando se avalia… Foi pela arte de fazer pela calada, que Caim matou Abel”.
Saídos que estamos da negritude dos anos transactos, onde a esfarrapada desculpa das dificuldades financeiras, mirrou criadores, camuflou compadrios e justificou inações, conduzindo-nos por vezes a um revoltado torpor e a uma forçada inacção, eis que somos despertados para a esperança de novos tempos em que a Cultura regressa aos palcos da importância social, económica e humanista.
Dito isto, volvemos ao tema “execução cultural” – Como, por quem e de que forma!
É hoje adquirido por todas as partes envolvidas que as actividades culturais constituem, especialmente em regiões turísticas, um importantíssimo “motor auxiliar”, fundamental do desenvolvimento económico e de coesão social.
Por tal, a “gestão” destas actividades deverá assentar em regras claras, ser executada por agentes qualificados e ter sempre a participação directa e activa dos criadores.
É por demais aceite que a nossa comunidade, organizada em termos de associações culturais, agentes, programadores, artistas singulares, não dispõe, nem seria viável que dispusesse, de capacidade financeira e de meios técnicos para, por si só, desenvolver as suas actividades. É pacífico e por demais estudado que as acções culturais têm uma componente de participação activa das Câmaras Municipais, quer facultando espaços (teatros, auditórios e outros espaços públicos), quer disponibilizando meios técnicos, quer apoiando financeiramente (subsidiando) os projectos culturais meritórios.
Em Tavira no corrente ano deram-se passos de gigante no sentido de integrar, apoiar e dinamizar a criação cultural. O programa “Viva a Primavera” foi uma experiência envolvida pelo êxito e motivadora de grande entusiasmo e expectativas por parte das associações culturais que quiseram participar. E fica a certeza da “porta aberta” ao envolvimento de todas as associações culturais de Tavira que se queiram juntar em futuros projectos.
O sucesso desta primeira experiência acarreta agora a necessidade de, duma forma aberta e dialogante, sem burocracias e sem dirigismos, caminharmos no sentido de procedermos à avaliação das actividades desenvolvidas, de sistematizar a programação, de estabelecermos critérios de acesso e elegibilidade dos projectos e, ainda, no encontrarmos a melhor forma de se estabelecer uma criteriosa definição na concessão de apoios, no integral respeito pela equidade e pela oportunidade, atentos a eventuais conflitos de interesse que possam surgir e tendo sempre presente a garantia da justa e devida retribuição aos artistas.
Parafraseando Carlos Albino: “… a transparência … começa por informar, com rigor e atempadamente, quanto se dá, a quem se dá, com que condições se dá, quem avalia e quando se avalia…”
Respondendo a esta chamada participativa e sentindo que existe apoio à livre criatividade e expressão artística e cultural, todas as associações decerto se empenharão, com integral disponibilidade, para elevar a nossa cidade a patamares culturais que a referenciem, ainda mais, como a jóia do Algarve.