O preço do azeite sofreu uma das quedas mais acentuadas dos últimos anos, com o litro de azeite virgem a descer 2,91 euros entre novembro de 2024 e outubro de 2025. A redução, confirmada pelo Observatório de Preços, representa uma quebra superior a 36 por cento no espaço de doze meses. A questão que agora se coloca é o que esperar de 2026, num mercado ainda marcado por forte volatilidade e por uma procura que recupera lentamente.
De acordo com o Observatório de Preços, o litro de azeite virgem passou de 7,98 euros para 5,07 euros no período analisado. A trajetória, embora claramente descendente, não foi totalmente linear, com um pico entre fevereiro e março deste ano, quando o preço subiu pontualmente de 6,60 euros para 6,66 euros. Segundo a mesma fonte, a maior quebra verificou-se até 21 de abril, descendo para 5,59 euros, antes de um breve regresso acima dos seis euros em maio.
Um ano de descidas quase contínuas
A partir de meados de junho, o valor manteve um movimento quase sempre descendente até atingir o mínimo de 5,07 euros. Já o azeite virgem extra registou igualmente uma queda expressiva, passando de 8,69 euros para 6,55 euros no mesmo período, explica o Observatório de Preços.
A secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos, sublinhou que não são esperadas oscilações relevantes para 2026. De acordo com a publicação, a responsável considera que o mercado deverá manter estabilidade após um ano marcado por uma campanha que descreve como mediana. As suas palavras são prudentes: poderá haver correções de preço, mas não se antecipam alterações significativas.
O consumo cresce, mas ainda não recupera os níveis pré-crise
As vendas de azeite no mercado nacional aumentaram 30 por cento entre janeiro e outubro, segundo dados das empresas associadas da Casa do Azeite, muito impulsionadas pela descida do preço. No entanto, de acordo com a mesma fonte, este crescimento ainda não recuperou os níveis médios registados entre 2021 e 2023, situando-se 8 por cento abaixo desse período.
A tendência internacional também mostra sinais mistos: as exportações até setembro aumentaram 12,6 por cento em quantidade, mas, em valor, houve uma queda de 33 por cento. A explicação é simples: os preços internacionais estão mais baixos, o que reduz a receita apesar do aumento de volume.
Produção de azeitona baixa 20 por cento e condiciona expectativas
A campanha da azeitona deste ano deverá ser mediana, com uma produção cerca de 20 por cento inferior à campanha anterior. De acordo com a Casa do Azeite, este cenário poderá contribuir para alguma pressão moderada sobre os preços, embora não suficiente para inverter a tendência de estabilidade prevista para 2026.
Fundada em 1976, a Casa do Azeite representa cerca de 40 empresas responsáveis por quase 85 por cento do azeite de marca embalado produzido em Portugal. A associação acompanha de perto a evolução do setor e tem alertado que a normalização do mercado pode demorar, dadas as flutuações climáticas e a dependência de campanhas agrícolas irregulares nos países do Mediterrâneo.
O que esperar do preço em 2026?
Para já, a expectativa dominante é de continuidade: preços estáveis, eventuais pequenas correções e um mercado ainda em fase de recuperação do choque registado entre 2022 e 2024. A forte queda de 2,91 euros no último ano representa um alívio significativo para os consumidores, mas também espelha um setor sujeito a grande instabilidade agrícola e económica.
A evolução dependerá sobretudo da próxima campanha no sul da Europa, da procura internacional e das condições climáticas. Contudo, segundo a publicação citada, não há sinais de que o azeite volte aos valores históricos de 2023, quando ultrapassou os 10 euros por litro em algumas prateleiras.
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