A definição de cidade rica tende a ser subjetiva, mas foi recentemente publicado um relatório onde consta uma lista com as 50 cidades mais ricas do mundo, tendo em conta vários critérios previamente definidos. O relatório destaca cidades com grande potencial de crescimento nos próximos anos e o que é certo é que há uma cidade portuguesa que pela primeira vez integrou o grupo das mais ricas.
Já é conhecida a lista das 50 cidades mais ricas do mundo em 2025 e, pela primeira vez, Lisboa marca presença no ranking. O prestigiado World’s Wealthiest Cities Report, desenvolvido pela Henley & Partners em parceria com a New World Wealth, revela que a capital portuguesa ocupa agora a 50.ª posição, com 22.000 milionários residentes.
Esta presença marca uma viragem importante para Portugal no panorama financeiro internacional, destacando o crescente interesse de investidores estrangeiros na cidade. Mas há mais a explorar do que apenas os números.
Estados Unidos mantêm domínio absoluto
Os Estados Unidos continuam a dominar amplamente a lista, com 11 cidades representadas entre as mais ricas. Nova Iorque mantém-se no topo da tabela, com um total impressionante de 384.500 milionários, sendo ainda o lar de 818 centi-milionários e 66 bilionários. Esta concentração de riqueza reflete o papel contínuo da cidade como centro financeiro e comercial global. A diversidade de indústrias e o poder de atração de talentos continuam a consolidar a sua liderança mundial.
Na segunda posição surge a Bay Area, região que inclui São Francisco e o famoso Silicon Valley. Este território registou um crescimento notável de 98% na última década, acolhendo agora 342.400 milionários. A concentração tecnológica e a presença de gigantes, como Google, Apple e Meta explicam boa parte deste sucesso. A região tornou-se sinónimo de inovação e geração de riqueza, sendo vista como um exemplo de dinamismo económico.
Dubai: a estrela em ascensão
O relatório sublinha também o desempenho notável do Dubai, que subiu três posições no último ano e ocupa agora o 18.º lugar. Com 81.200 milionários e 20 bilionários, a cidade tem beneficiado da sua política fiscal favorável, com impostos nulos sobre rendimentos e ganhos de capital. Esta abordagem tem atraído fortunas de diversas partes do mundo, reforçando o estatuto do Dubai como destino global de investimento. O seu crescimento é descrito como o mais rápido entre todas as cidades da lista.
Ásia reforça protagonismo global
Tóquio e Singapura continuam a garantir um lugar de destaque, em 3.º e 4.º lugares, respetivamente. Tóquio conta com 292.300 milionários e Singapura com 242.400, refletindo economias estáveis e tecnologicamente avançadas. A recuperação económica no pós-pandemia e a confiança nos mercados asiáticos têm sido fatores-chave para o fortalecimento destas duas cidades. Ambas são reconhecidas pela qualidade de vida, segurança e eficiência governamental.
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Londres perde terreno para Los Angeles
Londres, que durante anos liderou o ranking europeu, caiu agora para o 6.º lugar, ultrapassada por Los Angeles, que subiu para a 5.ª posição com 220.600 milionários. Esta descida pode ser parcialmente atribuída às consequências do Brexit e à crescente pressão fiscal no Reino Unido. Por outro lado, Los Angeles beneficia da força das indústrias criativas, do entretenimento e da tecnologia, além de atrair investidores internacionais pela sua posição geográfica e clima económico favorável.
Outras cidades europeias também viram alterações significativas nas suas posições. Moscovo registou uma queda acentuada de 25% no número de milionários, o que a colocou agora na 40.ª posição. Esta descida está relacionada com sanções económicas, instabilidade geopolítica e fuga de capitais. Cidades, como Zurique, Frankfurt e Paris mantêm-se estáveis no ranking, demonstrando resiliência apesar dos desafios económicos da região.
Lisboa: de destino turístico a refúgio milionário
Lisboa, ao entrar pela primeira vez no ranking, mostra-se cada vez mais atrativa para quem procura qualidade de vida aliada a boas oportunidades de investimento. Com 22.000 milionários, 45 centi-milionários e quatro bilionários, a capital portuguesa já não é apenas um destino turístico, mas sim um novo polo de residência de elites financeiras. A estabilidade política, o clima ameno e a gastronomia de excelência são apenas alguns dos atrativos apontados pelos analistas.
Mercado imobiliário dispara na capital
No entanto, o crescimento económico tem reflexos diretos no mercado imobiliário. Comprar casa na Grande Lisboa é hoje 70% mais caro do que a média nacional. O preço médio de uma habitação na região é de 360 mil euros, contrastando fortemente com os valores registados em outras zonas do país, como o Alentejo. Esta tendência de valorização tem levantado preocupações sobre acessibilidade e gentrificação, especialmente para os residentes locais.
Discrepância acentuada nos preços das casas
Segundo o Público, Lisboa é desde 2009 a região mais cara de Portugal para aquisição de habitação. Ainda assim, os preços têm aumentado significativamente nos últimos anos, à medida que a cidade se torna um centro de atração de capitais estrangeiros. A procura elevada por imóveis de luxo e os incentivos fiscais concedidos a investidores têm impulsionado os valores de forma acelerada. O fenómeno tem sido acompanhado por um boom no setor da construção e reabilitação urbana.
O relatório também prevê o crescimento acentuado de outras cidades nos próximos dez anos. Shenzhen, Hangzhou, Bangalore e Varsóvia são apontadas como promessas no cenário internacional, com potencial para duplicar o número de milionários até 2035. Estas cidades têm vindo a beneficiar de estratégias económicas focadas na inovação tecnológica, educação e abertura ao investimento estrangeiro. O mundo está a assistir à ascensão de novos centros financeiros fora do eixo tradicional.
Lisboa poderá aproveitar esta onda se continuar a apostar na sua modernização e na criação de condições atrativas para empreendedores e investidores. O posicionamento na lista das 50 cidades mais ricas do mundo é simbólico, mas serve também como alerta para os desafios sociais que esta nova realidade pode trazer.
O equilíbrio entre desenvolvimento económico e coesão social será essencial para garantir que o crescimento beneficie todos os residentes. A capital portuguesa entra assim numa nova fase do seu percurso histórico.
Quem são os novos milionários lisboetas?
Para além da questão imobiliária, o perfil dos novos milionários residentes em Lisboa é diverso. Muitos são estrangeiros oriundos de França, Brasil, Reino Unido e Estados Unidos, mas há também uma crescente classe alta nacional.
Estes residentes procuram segurança, boas infraestruturas e um estilo de vida equilibrado. Com o turismo de luxo em expansão e a cidade a ganhar notoriedade internacional, Lisboa prepara-se para um futuro mais próspero, mas também mais exigente em termos de planeamento urbano.
Riqueza global e novos desafios locais
O relatório de 2025 é um retrato do mundo em mudança, onde antigas potências continuam a dominar, mas novas cidades ganham força no mapa da riqueza. Lisboa é agora reconhecida globalmente como um destino para milionários. Resta saber como o país vai gerir esta nova realidade, procurando tirar o melhor partido sem deixar ninguém para trás. Afinal, ser uma das cidades mais ricas do mundo implica não só atrair riqueza, mas também saber distribuí-la de forma justa.
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