Num momento em que a investigação científica aprofunda o estudo das regiões polares, uma equipa da NASA fez uma descoberta inesperada sob o gelo da Gronelândia. O que parecia ser apenas mais uma missão de mapeamento revelou, afinal, estruturas escondidas há décadas: os restos de uma base militar construída pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria e mantida longe do olhar público durante anos, segundo o jornal WalesOnline.
A descoberta aconteceu durante um voo destinado a analisar a espessura e a estabilidade da camada de gelo. Os investigadores utilizavam um radar de alta precisão quando começaram a surgir no ecrã linhas geométricas e formas que não correspondiam a fenómenos naturais. O que encontraram acabou por expor um capítulo pouco conhecido da história militar norte-americana.
Revelação feita pela NASA durante um estudo científico
Segundo a NASA, o radar captou imagens que mostravam túneis longos, estruturas enterradas e corredores organizados de forma meticulosa. A equipa percebeu rapidamente que o que tinha surgido não era uma simples anomalia. Tratava-se de Camp Century, uma instalação construída entre 1959 e 1960, durante o auge da tensão entre Estados Unidos e União Soviética.
A missão original dos cientistas era apenas identificar o leito do gelo. No entanto, as imagens recolhidas mostraram um complexo militar subglacial com mais de três quilómetros de extensão, enterrado a cerca de 30 metros de profundidade.
Base militar norte-americana escondida sob o gelo
Camp Century foi criada ao abrigo do Acordo de Defesa da Gronelândia, permitindo aos Estados Unidos instalar infraestruturas naquele território. Oficialmente, o objetivo passava por estudar técnicas de construção em clima polar e recolher amostras de gelo para fins científicos. Contudo, documentos tornados públicos década e meia mais tarde revelaram que a base tinha sido projetada para algo diferente, de acordo com a mesma fonte.
O plano, conhecido como Project Iceworm, pretendia criar uma rede subterrânea capaz de albergar centenas de mísseis nucleares, posicionados estrategicamente sob o gelo ártico. A ideia era escavar milhares de quilómetros de túneis e instalar armamento de longo alcance num ponto considerado essencial para a defesa norte-americana.
Encerramento e o que ficou para trás
Apesar da dimensão do projeto, o gelo revelou-se demasiado instável para garantir segurança a longo prazo. Os túneis deformavam-se com rapidez e obrigavam a sucessivas intervenções. Em 1967, o plano foi abandonado e a base acabou por ser encerrada.
Embora o reator nuclear tenha sido removido, vários resíduos ficaram presos no solo gelado. Posteriormente identificaram combustível, metais pesados e águas residuais que permaneceram sob camadas profundas de neve durante décadas, conforme refere o Wales Online.
Um achado que reacende questões do passado
A identificação detalhada das estruturas subglaciais, agora tornada possível pela tecnologia da NASA, permite compreender melhor o impacto ambiental dos projetos militares abandonados no Ártico. Além disso, oferece uma nova perspetiva sobre a presença norte-americana na região durante a Guerra Fria.
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