Um novo debate está a surgir no setor da aviação: deve o preço de um bilhete de avião ser ajustado com base no peso do passageiro? Esta proposta, que visa reduzir o consumo de combustível e as emissões de carbono, está a gerar discussão entre companhias aéreas, passageiros e especialistas.
A ideia de aplicar tarifas diferenciadas com base no peso corporal não é nova, mas ganhou nova força após experiências recentes levadas a cabo por companhias aéreas como a Finnair. A companhia aérea finlandesa realizou uma recolha voluntária de dados durante três meses, incluindo o peso dos passageiros e da sua bagagem de mão. Esta informação será utilizada para otimizar os cálculos de equilíbrio e carregamento das aeronaves entre 2025 e 2030.
Modelos de tarifário em avaliação
Segundo o Daily Mail, um estudo realizado nos Estados Unidos analisou a opinião pública sobre três modelos de tarifário: o sistema atual com tarifa fixa e limite de bagagem, um modelo de limite de peso (com custos adicionais para passageiros que ultrapassam determinado peso) e um modelo baseado diretamente no peso corporal.
Segundo os dados obtidos, os passageiros mais leves mostraram maior aceitação face a tarifas associadas ao peso, enquanto os passageiros com maior peso tendem a preferir o sistema atual. No entanto, quase metade destes últimos admitiu abertura a novas abordagens.
Fatores de aceitação
O apoio a tarifas ajustadas ao peso é mais comum entre viajantes frequentes, pessoas com rendimentos mais elevados e grupos etários mais jovens. Os promotores da medida argumentam que tal sistema poderia trazer benefícios operacionais e ambientais, reduzindo o consumo de combustível e as emissões das aeronaves.
Exemplos anteriores e medidas em vigor
Apesar da atual discussão, esta não é a primeira vez que uma companhia aérea testa esta abordagem. Em 2013, a Samoa Air aplicou um modelo semelhante, conhecido como “taxa de gordura”, tornando o bilhete de avião mais caro consoante o peso das pessoa, mas que não teve continuidade.
No entanto, alguns países como o Canadá já adotaram medidas diferentes que visam proteger passageiros com necessidades específicas. A política “uma pessoa, uma tarifa” exige que as companhias aéreas forneçam lugares adicionais gratuitos para passageiros que apresentem documentação médica que justifique essa necessidade.
A posição dos reguladores
Nos Estados Unidos, não existe legislação semelhante. O Departamento de Transportes esclarece que as companhias aéreas não são obrigadas a fornecer mais do que um lugar por bilhete adquirido.
Face a este contexto, alguns ativistas têm apelado à criação de políticas mais inclusivas. Jaelynn Chaney, defensora dos direitos de passageiros de maior porte, tem vindo a propor medidas como a atribuição gratuita de lugares adicionais e reembolsos para quem os adquiriu de forma independente.
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Críticas à falta de medidas inclusivas
Chaney afirma que a falta de políticas claras torna a experiência de voo desconfortável para muitos passageiros. Em 2023, lançou uma petição que reuniu perto de 40 mil assinaturas, com o objetivo de pressionar as companhias aéreas norte-americanas a adotarem medidas semelhantes às do Canadá.
Além da questão dos lugares a bordo, Chaney refere também dificuldades no acesso aos aeroportos, relatando episódios de discriminação e falta de apoio por parte dos funcionários.
Impacto no setor da aviação
A possível introdução de tarifas ajustadas ao peso corporal pode representar uma mudança significativa na forma como os bilhetes de avião são calculados. Esta possibilidade levanta questões de justiça, discriminação e impacto ambiental, que continuam a ser debatidas tanto por especialistas como pelo público.
A questão central prende-se com o equilíbrio entre a necessidade de eficiência operacional e a garantia de condições de igualdade para todos os passageiros.
Reações do público
A opinião pública permanece dividida. Enquanto alguns consideram que passageiros mais pesados consomem mais recursos e, por isso, deveriam pagar mais, outros defendem que todos devem pagar o mesmo valor por um serviço igual.
Além disso, os críticos da medida alertam para o risco de discriminação e estigmatização com base no peso, algo que pode agravar problemas de saúde mental e reforçar desigualdades sociais.
Perspetivas futuras
Com a crescente pressão para reduzir a pegada ambiental da aviação, é provável que as companhias aéreas continuem a explorar formas de otimizar os seus voos. O debate sobre tarifas baseadas no peso pode não estar resolvido, mas é um sinal claro das novas direções que o setor poderá tomar.
Enquanto a possibilidade de um bilhete de avião mais caro com base no peso do passageiro permanece em avaliação, especialistas e organizações continuam a analisar o impacto real e as implicações éticas deste tipo de abordagem.
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