Nos meses mais frios, quando a chuva e a humidade dificultam a secagem da roupa ao ar livre, muitas famílias acabam por optar por secar as peças dentro de casa. Contudo, de acordo com um estudo mencionado pelo The Conversation, esta prática pode representar riscos para a saúde, especialmente quando realizada em espaços pouco ventilados. Secar a roupa no interior aumenta os níveis de humidade e favorece o desenvolvimento de bolor e fungos, que podem ter consequências graves para a saúde.
O bolor, facilmente reconhecido pelas manchas escuras nas paredes e pelo característico cheiro a mofo, desenvolve-se especialmente em ambientes húmidos e frios. Quando a roupa molhada é colocada a secar dentro de casa, a água que se evapora fica retida no ar, criando as condições ideais para o crescimento desses fungos.
Segundo a Executive Digest, especialistas alertam que o verdadeiro perigo reside nos esporos microscópicos que o bolor liberta. Estes esporos misturam-se com o ar e podem ser inalados. Embora a maioria das pessoas não apresente problemas graves, a exposição prolongada a esses esporos pode resultar em problemas respiratórios, podendo, em casos mais extremos, ser fatal.
As divisões da casa mais propensas ao bolor são aquelas com pouca ventilação, como as casas de banho e as paredes com infiltrações. Segundo o estudo, são nestes locais que os esporos encontram as melhores condições para se fixarem e se multiplicarem.
Embora existam centenas de espécies de bolor, as mais comuns em habitações húmidas são o Penicillium e o Aspergillus. Estima-se que, diariamente, inalemos pequenas quantidades de esporos destes fungos. No entanto, o nosso sistema imunitário, através de células chamadas macrófagos, é capaz de eliminá-los antes que causem danos.
Os riscos são maiores para alguns
No entanto, pessoas com o sistema imunitário enfraquecido ou com problemas respiratórios crónicos estão mais vulneráveis. A exposição a esporos de bolor pode representar um risco grave para essas pessoas, dado que a sua capacidade de eliminar os esporos dos pulmões é reduzida.
O estudo destaca ainda que indivíduos com doenças respiratórias, como asma, fibrose quística ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), têm mais dificuldade em eliminar os esporos. Nestes casos, a inalação de esporos pode agravar significativamente os sintomas respiratórios e desencadear crises de asma, além de aumentar a inflamação nas vias respiratórias.
Em situações mais extremas, o bolor pode desenvolver estruturas chamadas micélios. Estes filamentos semelhantes a teias de aranha bloqueiam as vias respiratórias e podem causar hemorragias pulmonares. A infeção causada pelo Aspergillus é frequentemente tratada com antifúngicos conhecidos como azóis. No entanto, a resistência crescente a esses medicamentos tem gerado preocupações entre os especialistas.
As alterações climáticas podem também estar a agravar o problema, uma vez que há indícios de que o aumento das temperaturas contribui para a resistência dos fungos aos tratamentos antifúngicos. As mudanças climáticas podem estar a permitir que certos tipos de bolor se tornem mais resistentes aos medicamentos convencionais, o que dificulta o seu controlo.
Além disso, cada vez mais relatos indicam infeções causadas por fungos que antes não eram considerados perigosos para os seres humanos. Acredita-se que estas mudanças possam estar ligadas à capacidade dos fungos de se adaptarem às novas condições ambientais, como o aumento da temperatura global.
Dada esta evolução, é fundamental a realização de programas de investigação e vigilância. Estes estudos ajudam a antecipar surtos de infeções fúngicas e a garantir que os tratamentos disponíveis continuem eficazes, apesar da crescente resistência dos fungos.
Como reduzir os riscos?
Para reduzir os riscos associados à secagem de roupa no interior, os especialistas sugerem adotar algumas medidas que ajudem a controlar a humidade e melhorar a ventilação das casas. Uma das principais recomendações é ventilar bem os espaços, abrindo janelas diariamente para permitir a circulação do ar e evitar o acumular de humidade.
Outra solução proposta é o uso de desumidificadores. Estes aparelhos são eficazes na remoção do excesso de humidade do ar, o que impede a proliferação do bolor. Investir em estendais aquecidos também pode ser uma boa opção, pois esses equipamentos aceleram a secagem da roupa e reduzem a libertação de humidade para o ambiente.
Além disso, é importante evitar secar a roupa em divisões sem ventilação, como quartos ou salas fechadas, onde a humidade pode acumular-se rapidamente. A ventilação adequada ajuda a reduzir os riscos associados a essa prática e a manter a qualidade do ar no interior da casa.
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