Épocas de promoções, como a Black Friday, são um terreno fértil para anúncios chamativos, mas nem sempre o que parece uma oportunidade representa uma poupança efetiva. Para decidir melhor, importa perceber como funcionam as regras atuais e como algumas estratégias podem iludir quem compra, seja num pequeno eletrodoméstico, num televisor ou até na decisão de adiar a compra de um Renault carro elétrico enquanto avalia preços.
O que mudou desde 2022
Desde maio de 2022, qualquer redução anunciada — saldos, promoções ou liquidações — tem de ser calculada com base no preço mais baixo praticado pela mesma loja nos 30 dias anteriores ao início da campanha. A regra pretende impedir aumentos prévios e garantir que o desconto reflete, de facto, uma descida real face ao histórico recente.
“Muitos descontos não eram reais”, denuncia a Deco Proteste no seu site, apontando que a prática de inflacionar preços antes de campanhas para simular cortes substanciais foi tornada ilegal. A fiscalização centra-se agora na rastreabilidade do preço e na transparência da comunicação ao consumidor.
Como algumas lojas contornam as regras
Face às novas exigências, surgiram táticas para contornar o espírito da lei. Uma das mais comuns é comparar o preço da loja com o Preço de Venda ao Público Recomendado pelo fabricante ou com um suposto “preço de mercado”, em vez de usar o preço mais baixo praticado nos 30 dias anteriores. Essa comparação pode induzir em erro, sugerindo uma poupança que não existe sobre o histórico real da própria loja.
Outra estratégia passa por alternar pequenas variações de preço fora das janelas de maior visibilidade, criando um histórico pouco claro que complica a leitura do consumidor. Na prática, a sinalização fala em percentagens apelativas, mas o ganho efetivo pode ser residual quando confrontado com o preço praticado nas semanas anteriores.
O que as lojas são obrigadas a mostrar
A lei determina que, em cada promoção, a loja apresente de forma clara e visível o novo preço promocional e o preço mais baixo praticado nos 30 dias anteriores. Deve ainda identificar a modalidade de venda — saldos, promoção ou liquidação —, indicar a data de início da redução e o período de duração do desconto.
A indicação da percentagem de desconto é opcional, mas, quando usada, não substitui a obrigação de exibir os dois preços. A transparência é o critério central: a comunicação ao consumidor tem de permitir verificar, sem ambiguidades, qual é a base de comparação.
Como comprar online com mais segurança
Nas compras pela internet, comparar continua a ser a melhor defesa. Ferramentas de comparação de preços e o cruzamento entre várias lojas ajudam a confirmar se a redução está alinhada com o histórico e se não há discrepâncias entre o que é anunciado e o que foi efetivamente praticado.
Também é sensato observar a duração da campanha e o calendário comercial. Datas como Black Friday, Natal, Páscoa ou saldos de verão e inverno multiplicam mensagens promocionais; verificar o preço nas quatro semanas anteriores pode evitar decisões impulsivas e garantir que a descida é genuína.
Como agir nas lojas físicas
Em loja, procure a etiqueta com os dois preços e confirme a modalidade, a data de início e o prazo da promoção. Se a informação não estiver afixada de forma clara, peça esclarecimentos antes de decidir. A ausência destes elementos contraria as obrigações legais e é motivo suficiente para desconfiar do valor apresentado.
Guarde comprovativos e registos do preço quando possível, sobretudo em compras de montante mais elevado. Em caso de dúvida ou conflito, esses elementos podem sustentar uma reclamação junto das entidades competentes e ajudar a repor a transparência.
A importância de planear a compra
Planeamento reduz o risco de compra por impulso. Defina o que precisa, compare preços ao longo de alguns dias e avalie alternativas. Mesmo que esteja a ponderar um investimento mais significativo, como um Renault carro elétrico no futuro, a lógica é a mesma: verificar o histórico recente, confirmar a base de comparação e só depois decidir.
No fim, a regra de ouro é simples: um desconto só é real quando a comparação é feita com o preço mais baixo praticado pela própria loja nos 30 dias anteriores. Com informação clara, atenção aos detalhes e recurso a ferramentas de comparação, é possível separar promoções genuínas de reduções aparentes e proteger a carteira.
Leia também: Vai haver cortes de luz prolongados em Portugal nesta data e estas serão as regiões afetadas
















