A Ryanair voltou a apelar a medidas mais rigorosas para o consumo de álcool nos aeroportos europeus. A transportadora aérea defende que este é um passo necessário para reduzir os incidentes causados por passageiros embriagados a bordo dos seus voos, que, segundo a companhia, têm vindo a aumentar nos últimos anos.
Sabe-se que a proposta da Ryanair passa por limitar a venda de bebidas alcoólicas nos aeroportos a duas por passageiro, utilizando o cartão de embarque como método de controlo. Esta recomendação foi feita pela companhia através de um comunicado oficial, divulgado em janeiro. “Durante os atrasos dos voos, os passageiros estão a consumir álcool em excesso nos aeroportos sem qualquer limite de compra ou consumo”, referiu um porta-voz.
Vantagens da medida para a empresa
Citada pela CNN, a empresa defende que esta limitação contribuiria para um comportamento mais adequado por parte dos passageiros durante os voos. “Não conseguimos entender as razões pelas quais os passageiros nos aeroportos não estão limitados a duas bebidas alcoólicas, pois isso resultaria num comportamento mais seguro e melhor dos passageiros a bordo das aeronaves”, acrescentou o mesmo representante.
A companhia aérea irlandesa não se limitou a declarações públicas. No ano passado, iniciou um processo judicial contra um passageiro que teve um comportamento perturbador durante um voo entre Dublin, na Irlanda, e Lanzarote, em Espanha. O incidente levou ao desvio do avião para o aeroporto do Porto, onde a aeronave ficou retida durante a noite.
Prejuízos para passageiros e companhia
Como consequência da interrupção, cerca de 160 passageiros foram afetados, sofrendo atrasos e alterações inesperadas nos seus planos de viagem. A Ryanair avançou com um pedido de indemnização de 15 mil euros ao passageiro, alegando “comportamento indesculpável” que causou prejuízos à empresa e aos restantes passageiros.
Esta posição reforça a linha já defendida pelo presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, que, em agosto do ano passado, deu uma entrevista ao jornal britânico The Daily Telegraph, onde atribuiu ao álcool o aumento da violência a bordo. O’Leary afirmou ser necessário impor regras nos aeroportos para evitar que situações descontroladas se repitam em pleno voo.
Recomendamos: Só o passaporte pode não chegar: estas são as novas regras que deve conhecer antes de entrar em Espanha
Dados da IATA apontam aumento de incidentes
A preocupação da companhia aérea não é isolada. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) divulgou dados que mostram um agravamento no comportamento dos passageiros. Em 2023, foi registado um incidente de indisciplina para cada 480 voos, um número superior ao de 2022, quando a média era de um incidente por cada 568 voos.
A associação não revelou quantos desses episódios estiveram diretamente ligados ao consumo de álcool, mas as companhias aéreas admitem que esta é uma das principais causas. A Ryanair recorda que já implementa restrições na venda de bebidas alcoólicas a bordo, especialmente em situações em que identifica passageiros potencialmente problemáticos.
Consequências legais na Irlanda
A legislação irlandesa também contempla sanções para comportamentos perturbadores em voos. Estar embriagado num avião, de forma a colocar em risco a própria segurança ou a dos outros, é considerado crime. As penas podem ir até quatro meses de prisão ou multas superiores a 800 euros, dependendo da gravidade do caso.
Este enquadramento legal aplica-se igualmente ao espaço aéreo de outros países europeus, embora a aplicação das regras varie entre jurisdições. No entanto, a Ryanair defende que a adoção de medidas uniformes por parte da União Europeia facilitaria o controlo e a prevenção de novos casos.
Comparação com vendas isentas de impostos
Para a companhia aérea, a limitação de bebidas alcoólicas nos aeroportos seria comparável ao controlo já existente nas compras isentas de impostos. A proposta passa por implementar esse modelo nas áreas de restauração e bares das zonas de embarque.
A Ryanair é a maior companhia aérea europeia em volume de passageiros e opera centenas de voos diários em todo o continente. Face ao número elevado de clientes transportados, a empresa afirma que episódios de distúrbio a bordo, mesmo que pouco frequentes em proporção, têm impacto significativo na operação.
Aguardam resposta das autoridades europeias
Com este apelo, a transportadora pretende que as autoridades comunitárias intervenham na regulação do consumo de álcool nos aeroportos. Para já, a proposta ainda não recebeu resposta oficial por parte da União Europeia.
Leia também: Viu um pano amarelo numa mota na berma da estrada? Saiba o que significa e o que deve fazer