O já famoso Jorge Rey, um jovem espanhol apaixonado pela meteorologia, ganhou destaque ao prever a tempestade Filomena, em 2021, e as chuvas de maio de 2023, num período em que a Península Ibérica enfrentava uma seca alarmante. Tornou-se uma referência no meio e, no seu canal do YouTube, já soma mais de 82 000 seguidores. Natural de Burgos, Espanha, Jorge Rey distingue-se por fazer previsões meteorológicas sem recorrer a aplicações ou tecnologia moderna, baseando-se no antigo método das ‘Cabañuelas‘. Um dos métodos mais intrigantes que utiliza envolve a interpretação do comportamento das formigas para prever a chuva.
Entre as diversas previsões que faz, uma das mais curiosas de Jorge Rey está relacionada com a forma como as formigas reagem às mudanças no clima. Trata-se de um método tradicional que não possui base científica, mas que há séculos desperta a atenção de observadores da natureza.
Segundo Rey, alguns animais, especialmente os insetos, possuem uma sensibilidade excecional para antecipar alterações meteorológicas. Num dos seus vídeos, explica que “as formigas têm uma incrível capacidade de prever mudanças no tempo e preparar-se adequadamente”.
O jovem meteorologista refere que, quando as formigas alteram a localização dos seus formigueiros, deslocando-os para áreas mais altas ou reforçando as suas estruturas com materiais distintos, isso pode ser um sinal de que a chuva se aproxima. Esta ideia baseia-se no conceito de que muitos animais conseguem detetar variações subtis na pressão atmosférica e na humidade, reagindo instintivamente para se protegerem.
Embora não haja uma explicação científica comprovada, a observação do comportamento animal sempre foi uma prática comum entre agricultores e pastores, que utilizavam esses sinais para prever alterações no clima e preparar as suas atividades.
As Cabañuelas: um método milenar de previsão do tempo
O método das Cabañuelas, utilizado por Jorge Rey, tem raízes profundas na tradição agrícola e pastoril, sendo um sistema transmitido de geração em geração. Esta técnica milenar baseia-se na observação de fenómenos naturais e atmosféricos, incluindo a chuva, para tentar antecipar o comportamento do tempo ao longo do ano.
A ideia fundamental das Cabañuelas é que determinados padrões meteorológicos registados num curto período podem refletir tendências mais amplas. Este tipo de previsão continua a ser utilizado em algumas zonas rurais de Espanha e América Latina, onde os agricultores, mesmo sem acesso a tecnologia moderna, confiam nestes métodos empíricos para planear as suas colheitas e atividades ao ar livre.
Embora Jorge Rey siga esta tradição, o próprio admite que desenvolveu um método próprio, que tem vindo a aperfeiçoar ao longo dos anos, e esclarece que não segue as Cabañuelas tradicionais na sua totalidade.
Como funcionam as Cabañuelas tradicionais?
A Real Academia Espanhola (RAE), citada pelo OkDiario, define as Cabañuelas como um “cálculo popular baseado na observação das mudanças atmosféricas durante os primeiros 12, 18 ou 24 dias de janeiro ou agosto, para prever o tempo ao longo dos meses do mesmo ano ou do seguinte”.
Embora não tenha validação científica, este método era amplamente utilizado há milhares de anos, sobretudo no mundo rural, onde a meteorologia moderna não estava acessível. Ainda hoje, algumas pessoas mais velhas mantêm esta tradição.
Existem diferentes formas de interpretar as Cabañuelas. Uma das mais comuns consiste em observar e registar as condições meteorológicas durante os primeiros 24 dias de agosto e, posteriormente, associar cada um desses dias a uma quinzena dos 12 meses seguintes.
Por exemplo:
- O tempo registado em 1 de agosto corresponderia à primeira quinzena de janeiro do ano seguinte;
- O de 2 de agosto corresponderia à segunda quinzena de janeiro;
- O de 3 de agosto corresponderia à primeira quinzena de fevereiro;
- E assim sucessivamente até completar o ciclo dos 12 meses.
Apesar de ser um método que faz parte da cultura popular e do património rural, não possui qualquer validação científica, sendo apenas um reflexo da tradição oral e empírica transmitida ao longo dos séculos.
Ciência vs. tradição: podem as previsões empíricas ser levadas a sério?
A meteorologia moderna baseia-se em modelos matemáticos, satélites e simulações atmosféricas complexas para prever o tempo com elevada precisão. No entanto, métodos como as Cabañuelas e a observação do comportamento animal, especialmente em relação à chuva, continuam a despertar interesse, principalmente entre aqueles que acreditam na sabedoria popular acumulada ao longo dos séculos.
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