Já ninguém aguenta ser escravizado no Verão para contar tostões o ano inteiro, e o Algarve tem capacidade para mais.
Ouvir as novas gerações e trazê-las para o centro do debate político é mais do que uma questão de justiça, é uma urgência democrática. No Algarve, essa urgência é particularmente evidente. Os jovens da região vivem entre a precariedade e a falta de perspetivas, divididos entre o desejo de ficar e a necessidade de partir. Durante demasiado tempo, o Algarve foi tratado como um território sazonal, bom para o turismo no verão e esquecido no resto do ano. Essa lógica esgota o território e as pessoas, empurrando os jovens para fora e deixando um vazio social e económico que fragiliza toda a região.
O Bloco de Esquerda propõe uma transformação que começa por garantir condições de vida dignas para todos e a habitação é o primeiro passo. Não é possível falar de juventude sem falar de rendas impossíveis de pagar, quartos sobrelotados e ausência de alternativas públicas para estas questões. É por isso que o Bloco defende a construção de residências e alojamentos estudantis, habitação a custos controlados, programas de apoio ao arrendamento e o incentivo à criação de cooperativas de habitação. O objetivo é assegurar que ninguém tem de desistir dos estudos ou abandonar o seu emprego porque não consegue pagar um casa para viver. A solução passa também por tomar decisões municipais destinadas ao aumento do parque publico de habitação, e em alguns casos mais concretos, erradicar os bairros de barracas e realojar as famílias com o devido acompanhamento e dignidade, quebrando o ciclo de pobreza, exclusão e abandono a que gerações inteiras de jovens nos bairros acabam condenados.
Também a mobilidade é um elemento essencial para essa mudança. A falta de transporte público eficiente continua a isolar milhares de jovens algarvios, sobretudo nas zonas do interior. Os Jovens do Bloco a nível nacional propõem um passe gratuito para jovens, o reforço da oferta noturna e aos fins de semana, a disponibilização de informação em tempo real sobre os transportes e a criação de sistemas municipais de bicicletas partilhadas. A nível distrital as medidas passam essencialmente por garantir horários e frequência de transportes que sirvam a população, investimento nas ligações ferroviárias e seguindo o exemplo do município de Loulé , alargar a gratuitidade dos transportes públicos municipais a outros concelhos. A mobilidade é liberdade: para estudar, trabalhar, participar e viver plenamente.
O Algarve é a região do país onde mais jovens abandonam a escolaridade antes de concluir os estudos, e este abandono está profundamente ligado à falta de transportes, à distância das escolas e à escassez de oportunidades para quem vive nas zonas mais rurais e serranas. Urge a criação de uma rede de transportes públicos que responda verdadeiramente às necessidades da população, com horários adequados aos estudantes e trabalhadores, garantindo ligações regulares entre as localidades e as principais instituições de ensino, serviços públicos e polos de emprego. A mobilidade deve ser entendida como parte integrante do direito à educação e ao trabalho digno, assegurando que todos têm acesso às mesmas oportunidades, independentemente do local onde vivem.
As diversificações económicas e culturais são também centrais para o Bloco de Esquerda no Algarve. A região não pode continuar dependente quase exclusivamente do turismo sazonal, que cria empregos precários e mal remunerados. É necessário investir em projetos culturais de proximidade e no apoio a coletivos artísticos locais que dinamizem o território durante o ano inteiro. A cultura é também economia e coesão social, e o seu fortalecimento pode abrir novas oportunidades de emprego qualificado nas áreas das artes, do audiovisual, da investigação e da inovação tecnológica.
Outra questão muito importante é a fixação de profissionais e, em particular, dos jovens que se formam na Universidade do Algarve. É necessário adotar políticas incentivo à permanência destes recém-formados na região, através de programas de estágio e inserção profissional em colaboração com instituições públicas e privadas, valorização das carreiras científicas e técnicas e criação de condições de vida que tornem o Algarve atrativo para trabalhar e viver durante todo o ano. Manter os jovens qualificados na região é investir no desenvolvimento sustentável e combater a dependência de setores de baixa produtividade ou alta sazonalidade. No entanto, esta árdua tarefa está totalmente dependente de melhores políticas de habitação, melhores salários, melhores condições de mobilidade na região e de uma série de atrativos que são impossibilitados pela obsessão doentia com um turismo que deixa muito pouco ao Algarvio, e a quem sustenta o setor.
As propostas do Bloco, de um modo geral (e também nos programas eleitorais das coligações que integra nestas eleições autárquicas), beneficiam toda a população, independentemente da idade ou da condição social, mesmo não sendo especificamente destinadas a jovens também lhes proporcionam melhores condições e melhores perspetivas de futuro. São pensadas para uma sociedade de futuro, mais livre, mais inclusiva, livre de guerras e com uma distribuição mais justa da riqueza produzida e com melhores condições laborais.
Biografia do autor: João Costeira tem 28 anos e encontra-se atualmente a terminar a dissertação de Mestrado em Psicologia da Educação pela Universidade do Algarve. É candidato à Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de Faro (Sé e São Pedro).






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