As regras de circulação em Espanha vão apertar e milhares de veículos com etiqueta B (distintivo amarelo) entram na mira: a partir de 2026, várias cidades com mais de 50 mil habitantes vão aplicar novas restrições nas Zonas de Baixas Emissões (ZBE), com a Catalunha a avançar já com um calendário definido.
De acordo com o jornal espanhol ABC, esta mudança surge no âmbito da Lei espanhola de Alterações Climáticas e Transição Energética, que obriga estes municípios a criarem ZBE e a aplicarem limitações de acesso, circulação e estacionamento para melhorar a qualidade do ar.
Até aqui, muitas regras incidiam sobretudo sobre veículos sem distintivo ambiental, mas o “cerco” começa agora a fechar-se para quem ainda tinha alguma margem de circulação em determinadas condições.
Catalunha começa em 2026 e endurece em 2028
Na Catalunha, o Governo regional aprovou o Decret 132/2024, associado ao Pla de Qualitat de l’Aire – Horitzó 2027, que introduz restrições progressivas aos veículos com etiqueta B nas ZBE.
Segundo o calendário descrito pela imprensa espanhola, a 1 de janeiro de 2026 estes veículos ficam impedidos de circular nas ZBE quando forem ativados os protocolos por má qualidade do ar.
A regra aperta mais tarde: a partir de 3 de janeiro de 2028, a proibição passa a ser permanente, deixando de depender de episódios de poluição.
Quem são os visados: que carros têm etiqueta B
A etiqueta B, atribuída pela DGT, cobre sobretudo ligeiros a gasolina matriculados desde 1 de janeiro de 2001 e diesel matriculados desde 2006, além de veículos com mais de oito lugares e pesados (gasolina ou diesel) matriculados desde 2006.
Na prática, isto traduz-se em muitos carros com mais de uma década ainda em circulação, que poderão ficar condicionados (ou impedidos) de entrar em zonas assinaladas nas cidades abrangidas.
O impacto será mais sentido por quem depende do automóvel no dia a dia em áreas urbanas, sobretudo quando as ZBE cobrem zonas centrais ou eixos com grande tráfego.
Uma medida com alcance nacional (e mais de 150 cidades envolvidas)
O Ministério para a Transição Ecológica de Espanha lembra que as ZBE são uma obrigação legal para municípios com mais de 50 mil habitantes, territórios insulares e, em certos casos, municípios com mais de 20 mil habitantes quando há ultrapassagens de valores-limite.
Ou seja, embora a Catalunha esteja a liderar uma fase mais “dura” para a etiqueta B, a tendência é que outras regiões avancem com regras próprias, com ritmos diferentes e períodos de adaptação variáveis.
Em 2026, no caso catalão, a proibição não será total desde o primeiro dia, mas ficará ligada à ativação de protocolos por poluição; o horizonte de proibição permanente em 2028, porém, já está traçado.
Condutores preocupados e argumentos das autarquias
Do lado dos condutores, a principal queixa é económica: veículos ainda funcionais podem perder acesso às cidades, com impacto no mercado de usados e no orçamento de famílias que não conseguem trocar de carro rapidamente.
Segundo o ABC, associações e especialistas têm alertado para o risco de estas medidas penalizarem quem vive em zonas suburbanas e rurais, onde os transportes públicos não dão resposta adequada a todas as necessidades.
As autarquias, por sua vez, defendem que o endurecimento é necessário para reduzir poluição e cumprir metas de qualidade do ar, num contexto em que o dióxido de azoto e partículas continuam a ser um problema em várias grandes áreas urbanas.
O que deve fazer quem circula em Espanha
Para quem usa o carro em Espanha, o passo mais simples é confirmar qual é o distintivo ambiental do veículo e verificar as regras específicas da ZBE da cidade onde circula, porque nem todas aplicam o mesmo calendário.
Com 2026 no horizonte, a recomendação prática é acompanhar avisos locais de qualidade do ar, perceber alternativas de mobilidade e, se for caso disso, planear atempadamente a substituição do veículo, sobretudo para quem depende de deslocações regulares a zonas centrais.















