Um novo plano político está a gerar receios entre comunidades estrangeiras. A proposta, apresentada por um partido em ascensão, prevê mudanças profundas nas regras de residência e pode resultar na deportação de imigrantes legais. O país em causa é destino de milhares de portugueses que aí vivem e trabalham.
O debate sobre imigração tem sido central na agenda política nacional do Reino Unido. Entre os pontos mais polémicos está a revisão do estatuto de residência permanente, que atualmente garante acesso a serviços e direitos fundamentais.
O alvo das mudanças
De acordo com o Partido Reformista, proponente da medida, desde 2019 entraram no território 3,8 milhões de pessoas com vistos de longa duração. Pelo menos 800 mil deverão tornar-se elegíveis para residência permanente entre 2026 e 2030.
Atualmente, este estatuto é obtido após cinco anos de residência legal e assegura o direito de viver, trabalhar e estudar, além do acesso ao sistema de saúde e apoios sociais. A proposta prevê substituir esse direito por um visto de cinco anos renovável, sem acesso a benefícios.
O que está em causa para os residentes
Caso a medida avance, os imigrantes que já possuem autorização de residência veriam o seu estatuto anulado e seriam obrigados a candidatar-se novamente. Quem não cumprir os novos requisitos arrisca a deportação.
As novas regras incluem ainda um aumento do requisito salarial, a exclusão do direito de reunificação familiar e restrições no acesso a serviços públicos.
Os portugueses e o impacto direto
Segundo dados oficiais mencionados pela página noticiosa Executive Digest, mais de 490 mil portugueses estão registados no país. Destes, 316 mil obtiveram o estatuto de residência permanente e 177 mil o provisório, ao abrigo do regime especial criado após a saída do Reino Unido da União Europeia.
Embora o partido tenha garantido que este grupo não será afetado, o anúncio gerou preocupação entre as comunidades. Muitos temem alterações futuras ou dificuldades adicionais na renovação dos documentos.
A visão do partido e os setores afetados
O líder da força política, Nigel Farage, argumenta que a medida pretende reduzir a despesa pública com segurança social, reservando-a exclusivamente para cidadãos nacionais. Estima ainda uma poupança de 230 mil milhões de libras com a aplicação das novas regras, explica ainda a Executive Digest.
Para áreas dependentes de mão-de-obra estrangeira, como saúde e cuidados sociais, foi anunciado um “Visto para Escassez Aguda de Competências”. Ainda assim, os números seriam extremamente limitados e com forte exigência de formação de cidadãos locais.
Consequências e próximos passos
Atualmente, o partido Reformista lidera sondagens à frente dos trabalhistas no poder. Caso vença as próximas eleições, a aplicação destas medidas pode alterar radicalmente a vida de centenas de milhares de imigrantes.
Para os portugueses, a garantia de proteção através do regime especial traz algum alívio, mas não elimina a incerteza. O impacto da política de deportação continua a ser visto como um risco real num país onde a comunidade portuguesa tem forte presença.
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