O caso de uma mulher que ‘ocupa‘okupa’ casas avaliadas em valores próximos de um milhão de euros, sem pagar renda e recorrendo ao enquadramento legal espanhol para permanecer nos imóveis, tem revelado um padrão que inquieta proprietários em vários bairros de Madrid. De acordo com o jornal El Español, a protagonista é Laura, uma ‘okupa’ argentina que tem instalado sucessivamente o mesmo esquema desde 2020, passando de casa em casa mediante contratos iniciais aparentemente sólidos e posteriores ruturas que a deixam na esfera da chamada ocupação ilegal.
A situação expõe um fenómeno que se cruza com o mercado de habitação madrileno, marcado pela pressão dos preços e pela redução da oferta disponível, segundo a mesma fonte. Mas é na estratégia aplicada por Laura que o impacto se torna mais evidente para os proprietários que, perante meses de rendas em falta, recorrem a processos jurídicos demorados enquanto veem os imóveis imobilizados sem contraprestação.
Método começa sempre da mesma forma
Escreve o jornal que Laura se apresenta como decoradora de interiores, garantindo uma imagem profissional que tranquiliza os proprietários antes de assinar os contratos. O procedimento repete-se: paga vários meses adiantados, ocupa casas com rendas entre 1.500 e 4.500 euros e, após o pagamento inicial, deixa de cumprir as obrigações. A partir daí, aciona mecanismos jurídicos que lhe permitem prolongar a permanência no imóvel.
Acrescenta a publicação que, em cada caso, a ocupação prolonga-se com pedidos de um advogado oficioso, declarações de vulnerabilidade e sucessivas iniciativas destinadas a adiar decisões judiciais. Os proprietários, entretanto, enfrentam meses de impasses, perdas acumuladas e dificuldades em recuperar os imóveis.
Percurso por alguns dos bairros mais valorizados de Madrid
Refere a mesma fonte que a lista de casas onde Laura já viveu inclui zonas, como Valdebebas, a rua Bárbara de Braganza e a rua Ayala, todas com valores elevados de arrendamento e forte procura residencial. Muitas das casas onde já esteve valem mais de 1 milhão de euros. Em várias situações, foram chamadas empresas especializadas em processos de remoção de ‘okupas’, mas sem resultados definitivos.
Ao longo deste tempo, a dívida acumulada chegou a atingir várias dezenas de milhares de euros, enquanto Laura continuava a apresentar um estilo de vida ativo nas redes sociais, associando-se a viagens e trabalhos na área da decoração. Apesar disso, beneficiava ainda de apoios estatais e mantinha uma imagem de estabilidade perante terceiros.
Vítimas tentam travar novos episódios
Conforme o El Español, algumas das vítimas seguiram o percurso dos ‘okupas’ durante anos, identificando padrões e sucessivas moradas associadas ao mesmo esquema. O objetivo atual passa por impedir que outros proprietários enfrentem situações idênticas, dado que a legislação vigente continua a permitir que pessoas como Laura prolonguem a ocupação por longos períodos, desde que apresentem determinados requisitos de vulnerabilidade.
O caso tornou-se um exemplo de como os mecanismos legais podem ser usados de forma repetida por ‘okupas’ que se apoderam de uma sequência de residências sem pagar as rendas contratadas. Enquanto isso, os proprietários permanecem dependentes de decisões judiciais que demoram meses a produzir efeitos.
















