Nos aeroportos do Reino Unido, funcionários estão a receber incentivos monetários por detetarem bagagens fora do tamanho permitido e que, por isso, dêem multa. A medida aplica-se a passageiros da EasyJet, uma companhia aérea frequentemente utilizada por portugueses a viver ou a viajar para este país.
Sistema de bónus por deteção de bagagem irregular
Segundo informações divulgadas por vários meios de comunicação britânicos, os funcionários da empresa Swissport recebem uma libra por cada mala de cabine identificada como estando acima das dimensões autorizadas. O pagamento é feito por cada deteção junto às portas de embarque.
A informação foi divulgada, segundo o The Guardian, através da partilha de e-mails internos enviados aos funcionários da Swissport em pelo menos sete aeroportos. As mensagens descrevem o sistema como um “incentivo às receitas de bagagem nas portas de embarque” e como uma “recompensa por fazerem a coisa certa”.
Empresas e aeroportos envolvidos
Entre os aeroportos referidos estão Birmingham, Glasgow, Jersey e Newcastle. A prática abrange também colaboradores da DHL Supply Chain, que opera nos aeroportos de Gatwick, Bristol e Manchester. Ambas as empresas prestam serviços de assistência em terra.
As palavras-chave “aeroportos” e “multa” estão no centro desta medida que transforma a deteção de bagagens maiores numa oportunidade de receita para as companhias e empresas subcontratadas. O objetivo é assegurar que os passageiros paguem por bagagens que ultrapassem o permitido.
Fuga de informação expõe prática ao público
A revelação do sistema de incentivos surgiu através do jornal local Jersey Evening Post, que teve acesso a documentação interna. Posteriormente, o tema foi amplamente divulgado por órgãos de comunicação como o The Guardian e o Sunday Times.
A política da EasyJet permite apenas uma mala que caiba debaixo do assento como bagagem gratuita. Qualquer outro item de cabine está sujeito ao pagamento de taxas adicionais, normalmente indicadas durante o processo de reserva.
Volume de passageiros pode aumentar impacto
Como o Reino Unido é um destino com elevada presença de cidadãos portugueses, estas práticas afetam direta ou indiretamente muitos viajantes portugueses. A implementação em vários aeroportos aumenta a probabilidade de aplicação destas multas.
A EasyJet registou lucros na ordem dos 9,3 mil milhões de libras no último ano. Este valor tem alimentado o debate sobre a necessidade de recorrer a estratégias adicionais de cobrança junto aos passageiros.
Críticas ao impacto da medida sobre os consumidores
Especialistas em defesa do consumidor referem que a medida pode levar a situações de pressão ou arbitrariedade na avaliação das malas, com potenciais consequências para passageiros mal informados ou em viagem de curta duração.
Além da Swissport, a DHL Supply Chain confirmou igualmente a existência de incentivos semelhantes. Ambas as empresas operam como subcontratadas da EasyJet, o que reforça a abrangência da prática de ‘caça à multa’ nos aeroportos britânicos.
Implicações para o controlo de bagagem
A presença de bónus por deteção de malas pode influenciar o comportamento dos funcionários junto às portas de embarque. Os critérios de avaliação poderão tornar-se mais rigorosos, dada a ligação direta a uma compensação financeira.
Organizações de defesa do consumidor apelam a maior transparência por parte das companhias aéreas quanto às políticas de bagagem e à existência de sistemas de incentivo deste tipo, com o objetivo de proteger os direitos dos passageiros.
Possíveis desenvolvimentos legais
A divulgação deste esquema poderá levar à intervenção de entidades reguladoras da aviação e do consumo no Reino Unido. A legalidade da prática será analisada à luz das obrigações contratuais e dos direitos dos passageiros.
Caso a prática da EasyJet se revele financeiramente vantajosa, é possível que outras companhias low cost adotem sistemas semelhantes. O impacto dessa disseminação sobre os passageiros e o setor da aviação está ainda por avaliar.
Leia também: Nem phishing nem skimming: conheça a nova burla no Multibanco que está a ‘esvaziar’ contas e saiba como se proteger
















