O silêncio absoluto não existe, mas há locais onde o ruído do mundo moderno parece abrandar. Entre buzinas e sirenes das cidades e o som suave da natureza, há um tipo de silêncio que não é ausência de som, mas sim uma presença tranquila que convida ao bem-estar. Encontrar estes lugares é, para muitos, uma forma de reencontro com a calma e a natureza. Neste artigo, vamos falar-lhe de um parque natural a 50 km da fronteira com Portugal, que foi considerado um dos lugares mais silenciosos do mundo.
Locais silenciosos pelo mundo
Foi esse silêncio “que se ouve” que levou jornalistas da revista Condé Nast Traveler a procurar os destinos mais tranquilos do planeta. Entre os 50 lugares selecionados, um dos que mais impressionou fica mesmo ao lado de Portugal.
Trata-se do Parque Natural Arribes del Duero, conhecido em português como Parque Natural das Arribas do Douro, situado nas províncias espanholas de Salamanca e Zamora, junto à fronteira portuguesa. Este parque é conhecido pelas suas paisagens grandiosas, desfiladeiros profundos e pela sua rica biodiversidade, refere o Spain Info.
O jornalista David Moralejo descreve o local com entusiasmo e emoção: “O silêncio ecoa nos Arribes do Duero, o lugar mágico onde o rio Douro se transforma em Douro, criando uma fronteira natural entre Espanha e Portugal, repleta de escarpas, desfiladeiros e cascatas. Fujo para aqui sempre que posso, mas não conseguiria escolher o silêncio de uma estação em detrimento de outra.”
Um cenário para todas as estações
O texto continua com uma descrição das diferentes épocas do ano, onde o silêncio ganha novas cores, sons e sabores. No outono, após a vindima, a paisagem adquire tons dourados e os vinhos da chamada viticultura heroica ganham protagonismo. As árvores frutíferas, como oliveiras, amoreiras e romãzeiras, marcam a paisagem enquanto o pôr do sol parece incendiar o horizonte.
Durante o inverno, a geada cobre as aldeias de branco e o silêncio ganha peso. Dentro das casas, o calor do fogão a lenha acompanha pratos tradicionais como as “patatas revolconas”, arroz com carnes da matança ou guisado de lagostins.
A primavera é marcada pela explosão de flores, entre jasmim, alfazema e serápias, enquanto os riachos e cascatas retomam o seu ritmo natural, quebrando suavemente o sossego do vale. No verão, as temperaturas convidam a mergulhos em poças escondidas.
Apesar da calma, as cigarras animam a sesta com o seu canto contínuo. Para Moralejo, “assim é o ciclo da vida e do silêncio, num dos lugares menos povoados da Europa.”
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Um refúgio natural entre dois países
O Parque Natural das Arribas do Douro, um dos lugares mais silenciosos do mundo, é uma das zonas menos habitadas da Península Ibérica. A sua localização remota e a riqueza natural tornam-no num destino adequado para quem procura tranquilidade, paisagens únicas e uma ligação mais próxima com a natureza.
Apesar de estar do lado espanhol da fronteira, é um local acessível a partir do nordeste português, e muitos visitantes nacionais incluem-no em passeios pela região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Um dos destinos mais tranquilos do mundo
A lista da Condé Nast Traveler reúne 50 destinos que se destacam pelo ambiente sereno e afastado do ruído urbano. O Parque Natural das Arribas do Douro surge lado a lado com locais como o Lago Alsek, no Alasca; a Caverna Barton Creek, no Belize; a Reserva Natural de Brouq, no Qatar; o Rio Chagres, no Panamá; e Costalegre, no México.
Cada um destes destinos partilha uma característica comum: são espaços onde a presença humana é reduzida e o som da natureza ocupa o primeiro plano. São, segundo a revista, lugares onde é possível respirar fundo, desligar-se do mundo digital e reencontrar o silêncio no seu estado mais puro.
Silêncio com identidade própria
No Parque das Arribas do Douro, o silêncio não é ausência, mas sim presença. É o sopro do vento entre os penhascos, o voo de uma ave de rapina, a corrente do rio ou o zumbido dos insetos no calor do verão. Cada som faz parte de uma sinfonia natural que convida à contemplação e ao descanso.
O reconhecimento internacional por parte da Condé Nast Traveler contribui para dar visibilidade a um território que, apesar de discreto e dos mais silenciosos do mundo, tem muito para oferecer. É uma celebração da tranquilidade e da beleza natural, num tempo em que ambos se tornaram raros e valiosos para muitos.
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