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Cultura, Edição Papel, Opinião

Siríaco e Mister Charles, de Joaquim Arena | Por Paulo Serra

Artigo de opinião de Paulo Serra sobre um romance que une história e ficção na improvável amizade entre Charles Darwin e um negro muito particular de Lisboa em Cabo Verde

08:00 18 Novembro, 2022 08:39 17 Novembro, 2022 | POSTAL
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Paulo Serra, doutorado em Literatura na UAlg
e Investigador do CLEPUL

Siríaco e Mister Charles, o mais recente romance do autor cabo-verdiano Joaquim Arena, publicado pela Quetzal, numa bela edição de formato de bolso, é um romance que une história e ficção sobre a improvável amizade entre Charles Darwin e um negro muito particular de Lisboa em Cabo Verde, sendo que “os dois estão nos antípodas” (p. 149), oriundos de mundos distintos.

A ação de Siríaco e Mister Charles passa-se no século XIX, na vila da Praia, ilha de Santiago, em Cabo Verde, e é baseada em factos reais. A própria capa é baseada numa reprodução de um quadro onde figura a personagem, La Mascarade Nuptiale (1788), de José Conrado Roza.

Siríaco é uma personagem inspirada no “rapaz-tigrado”, educado na corte e integrado na “corte exótica” da rainha D. Maria I, ao lado de um séquito de doze anões africanos e índios. Tão dignos de espanto e curiosidade como o elefante, as zebras, ou as aves exóticas, do Pátio dos Bichos, no Real Paço de Belém. São várias as vezes em que Siríaco é despido para ser tocado e observado, como se de um animal se tratasse.

Charles Darwin também esteve durante cerca de duas semanas na ilha de Santiago de Cabo Verde, onde iniciou as suas primeiras investigações para a sua célebre e controversa obra, A Origem das Espécies. Existem vários momentos em que observamos a ilha a partir da perspetiva de Darwin, e apesar da desolação e miséria que grassa a ilha, uma paisagem “pobre, estéril” (p. 91), o cientista considera com admiração a sua grandeza e singularidade.

A ação da obra é baseada em factos reais

Siríaco acompanhava a família real na fuga para o Brasil, em novembro de 1807. Mas durante a paragem na vila da Praia, ilha de Santiago, apaixona-se e decide ficar em Cabo Verde. O “rapaz-tigrado”, na verdade, é um ex-escravo negro que sofre de vitiligo e que causa sensação, quase como uma atração de circo, por onde passa. Se, durante a colonização, a cor negra foi entendida como marca distintiva, justificadora da escravatura, entendendo-se que o tom de pele assinalava um ser maléfico ou desumano, Joaquim Arena vai mais longe, e mostra como um negro, cuja pele era também impressionantemente branca, desenhando no seu corpo um mapa – esta comparação surge aliás recorrentemente, podendo ter ecos nos contornos dos mapas da expansão portuguesa. É também esse mesmo “mapa falado do corpo” que o guia até “aos sítios mais inesperados e às pessoas mais improváveis” (p. 41).

Pode-se considerar que Charles Darwin deu um primeiro e revolucionário passo no sentido de afirmar que todos os homens descendiam da mesma origem, daí que ser-se branco ou negro não deveria significar alteridade ou justificar submissão.

Num romance impressionante e apaixonante, o autor mescla os territórios da História e da imaginação, numa história que versa de forma original e inteligente temas como a raça, o império colonial e a memória.

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