Ao longo de todo o ano passado a GNR apreendeu apenas oito toneladas, mas desde o início deste ano e até ao momento a quantidade apreendida mais do que quadruplicou, são agora cerca de 36.000 quilos de alfarrobas furtadas no Algarve.
A maior apreensão deste ano ocorreu no concelho de Castro Marim: 15 toneladas, num valor estimado de 28 mil euros. Uma denúncia permitiu identificar um homem de 44 anos, num furto de uma grande quantidade de alfarroba num terreno na freguesia de Altura, entre os dias 2 e 3 de agosto.
Segundo a GNR, ao deslocarem-se ao local, os militares “constataram que um homem mantinha armazenados junto à sua habitação cerca de 15 mil quilos de alfarroba, no valor estimado de 28 mil euros”. O suspeito “não conseguiu justificar a sua proveniência e o contexto da sua apanha”. A alfarroba foi apreendida como medida cautelar.
Uns dias antes, a 29 de julho, a GNR já tinha apreendido oito toneladas, avaliadas em cerca de 20 mil euros, em Manta Rota, concelho de Vila Real de Santo António. Nessa altura, foram identificados seis suspeitos de apanha ilegal desse fruto. Estas pessoas, com idades entre os 30 e os 50 anos, estavam na posse de 266 sacas.
No dia 1 de agosto, após uma denúncia por furto de alfarroba no interior de um propriedade de Almancil, os militares da GNR detetaram seis homens, com idades compreendidas entre os 20 e os 62 anos, na posse de cerca de 360 quilos de alfarroba, com um valor estimado de 900 euros. O material recuperado acabou por ser entregue ao seu legítimo proprietário.
Na sexta-feira, em Silves, e no sábado, em São Bartolomeu, de Messines foram apreendidos um total de 434 quilos de alfarroba furtada. Em Silves, no seguimento de uma denúncia, os militares deslocaram-se rapidamente para o local, “onde identificaram quatro pessoas, dois homens de 17 e 55 anos e duas mulheres de 15 e 56 anos, tendo ainda procedido à apreensão de 257 quilos de alfarroba, uma vez que os suspeitos não tinham autorização por parte do proprietário para proceder à sua apanha. Foi ainda apreendido o veículo utilizado para realizar o furto, como medida cautelar de prova”. Em São Bartolomeu de Messines, durante a fiscalização a uma viatura, os militares da GNR aperceberam-se que, no seu interior, “estava uma grande quantidade de alfarroba, não tendo os suspeitos conseguido justificar a sua proveniência, motivo que levou à identificação das quatro pessoas, três homens de 19, 30 e 46 anos e uma mulher de 43 anos, e à apreensão de 177 quilos de alfarroba, assim como do veículo utilizado para o efeito”.
Na segunda-feira da passada semana, a GNR apreendeu cerca de 3.600 quilos de alfarroba, nos concelhos de Loulé, Faro e São Brás de Alportel. Durante uma ação de fiscalização dirigida à apanha, transporte e comércio de alfarroba, os militares fiscalizaram diversos produtores e veículos que efetuam o transporte deste produto até aos respetivos pontos de comercialização. “No decorrer das diligências policiais foram elaborados dez autos de notícia por furto de alfarroba, tendo sido constituído arguido um indivíduo e identificados outros nove, com idades compreendidas entre os 25 e os 62 anos. Foi ainda apreendidos cerca de 3.600 quilos de alfarroba, uma vez que os suspeitos não conseguiram justificar a sua proveniência”, referiu a GNR. Foram também elaborados dez autos de contraordenação de âmbito rodoviário, para além de 14 por infrações ao Regime de Bens em Circulação.
Na passada segunda-feira, um homem de 34 anos foi detido por furto de alfarroba e condução sem habilitação legal no concelho de Tavira. Após uma denúncia de furto de alfarroba, os militares deslocaram-se “rapidamente para o local, tendo intercetado o suspeito no momento em que encetava a fuga da propriedade, numa viatura, na posse das alfarrobas furtadas”. No decorrer da ação foram apreendidas oito sacas, contendo cerca de 211 quilos de alfarroba, que foram entregues à legítima proprietária. As autoridades constataram ainda que “o homem não possuía habilitação legal para conduzir”.
Também esta segunda-feira, a GNR deteve em flagrante um homem e uma mulher de 39 e 40 anos, por furto de alfarroba, no concelho de Loulé. Após uma denúncia por furto de alfarroba numa zona agrícola, os militares deslocaram-se de imediato para o local onde verificaram os suspeitos a furtar alfarroba. “Ao aperceberem-se da presença da Guarda, os suspeitos tentaram encetar uma fuga, tendo sido intercetados”, avançou a GNR, acrescentando que “os suspeitos transportavam, no interior da sua viatura, diversos sacos de alfarroba apanhada sem a autorização do legítimo proprietário do terreno”. No decorrer da ação policial foi apreendida uma viatura e 95 quilos de alfarroba, que foi entregue ao legítimo proprietário.
Produtores exigem lei contra tráfico
Recentemente, têm-se acentuado os furtos e apreensões de alfarroba na região, fruto cujo preço aumentou 10 vezes nos últimos anos, tendo já atingido entre 40 a 50 euros a arroba (15 quilos). O preço deverá atingir um novo máximo neste verão, tornando-se num dos frutos mais apelativos para venda no mercado paralelo.
No final do mês de julho, dezenas de produtores de alfarroba do Algarve manifestaram-se em Loulé para exigir ação do Governo para travar os roubos diários e cada vez mais violentos de que são vítimas. Os agricultores acusam a ministra de ter há um ano a solução para o caso que afeta um dos produtos agrícolas mais valiosos no Algarve.
Os produtores exigem a promulgação de uma lei que regule o comércio daquele fruto seco e as organizações admitiram vir a cortar a Estrada Nacional 125 ainda durante o verão, caso a ministra da Agricultura não tome medidas.
Este ano, as condições meteorológicas levaram a que a apanha começasse mais cedo do que o tradicional mês de agosto. Ainda assim, a apanha deverá prolongar-se até ao próximo mês de setembro.
A GNR diz que tem reforçado o policiamento e a fiscalização relativamente à apanha e comércio da alfarroba durante este período, na zona do Algarve, com o intuito de dissuadir e reprimir a prática do furto de alfarroba.
A semente do fruto da alfarrobeira é utilizada em várias indústrias, como a farmacêutica, a cosmética ou a alimentar – como aditivo para pudins, papas de bebé e estabilizantes de gelados -, e também para a indústria têxtil.
O valor da alfarroba
A polpa da alfarroba, que representa 90% do peso do fruto, é aproveitada para doçaria variada, como bolachas e bolos, licores, xarope, pão e alimentação para animais.
Portugal é o maior produtor de alfarroba do mundo e mais de metade da sua produção é exportada. Ao seu valor socioeconómico junta-se o valor histórico desta cultura centenária, particularmente marcante no Algarve.
É a região algarvia que concentra a maioria das alfarrobeiras em Portugal, quer as de regeneração espontânea, quer as de pomar industrial, e é também no Algarve que o valor da alfarroba é mais revelante, por estarem aí localizadas as unidades de transformação existentes no país.
O valor da alfarroba na região sul de Portugal não é recente. Referências de 1579 referem que o fruto já era comercializado em feiras algarvias e, em 1777, a alfarroba estava em quinto lugar na lista dos produtos que o Algarve mais exportava por via marítima, segundo a DGADR – Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Mais antiga do que estas referências histórias é a alfarrobeira da Quinta da Parra, em Moncarapacho: tem pelo menos 600 anos.