Sendo esta a minha última crónica, antes do Natal, quero começar por desejar a todos um Santo e um Feliz Natal e que cada um possa ter nas suas vidas o que deseja. Mas imaginando que uma boa parte dos nossos leitores reside ou é natural do Algarve, desejo à região umas festas felizes. Não é que não estejamos habituados, que ao longo do ano não vão aparecendo, por cá, uns pais natais a fazer-nos promessas, mas na verdade, não passam disso mesmo: promessas! Pode até parecer fastidioso, mas essa é a pura das verdades. Senão recordemos: em plena crise Covid o Primeiro-Ministro veio à região anunciar 300 milhões de euros para a diversificação da base económica. Nesse sentido, a AMAL preparou um plano, assinalando um conjunto de investimentos estratégicos.
“Uma vez mais, o Pai Natal ainda não veio para ficar. Não desta vez”
Alguém sabe dizer exatamente o ponto de situação de cada um dos projetos escolhidos e o calendário para a sua concretização? Quais são os grandes projetos mobilizadores da diversificação da economia ou aqueles que preveem a qualificação da sua base económica? Qual o calendário? Alguém sabe, onde vão ficar localizadas as grandes áreas empresariais, os polos tecnológicos, o ponto de situação dos investimentos associados ao porto comercial e de cruzeiros de Portimão e quando arrancam os projetos de valorização dos produtos endógenos da serra algarvia? Em que ponto estão os investimentos que têm em vista a concretização de projetos que visem a eficiência hídrica da região, assim como a digitalização da serra algarvia? Isto já para não falar de outros, como o Hospital Central do Algarve, que de forma exaustiva tem sido nestas crónicas regularmente referido?
Pois é, como sempre ninguém, de uma forma clara, sabe dar uma resposta exata a estas questões. E não é porque não se queira, porque não se tenha vontade. Não se sabe porque não há uma prática de concertação e de monitorização dos compromissos. E quando não há essa disciplina, disciplina na ação, o dia-a-dia esmaga o foco que é necessário ter para assegurar a concretização do que é importante, do que é fundamental.
Contudo, a diferença entre o sonho e a utopia é que esta última dificilmente se poderá concretizar, enquanto o sonho com persistência, com trabalho e foco é possível. Vem para o caso, que as vontades de introduzir um novo modelo de desenvolvimento para o Algarve, alicerçado na diversificação da base económica e na qualificação do turismo, dependem de termos planos de ordenamento do território que alojem essas vontades. E como estão? O PROTAL com 15 anos, mas com uma estratégia que data de há 20 anos. PDM’s cuja vigência média é de 24 anos e incorporam estratégias de desenvolvimento de há 30 anos.
O Pai Natal tem passado no Algarve, só por ser Natal, só para marcar calendário. Mas, uma vez mais, o Pai Natal ainda não veio para ficar. Não desta vez.