A promoção e valorização do sargo da Costa Vicentina, através de um estudo que pretende apontar caminhos para a sustentabilidade ambiental da pesca daquela espécie, é o objetivo de um projeto liderado pela Universidade de Coimbra.
Envolvendo pescadores daquela região algarvia e as autarquias de Aljezur e Vila do Bispo, entre outras entidades, o Valsargo “tem como principal objetivo a promoção e valorização do sargo da Costa Vicentina, como produto de excelência”, disse à agência Lusa Tiago Verdelhos, investigador do laboratório Marefoz da UC e coordenador do projeto.
“Estamos a dar uma base científica para a valorização deste produto. Vamos fazer um estudo acerca da atividade pesqueira focada nesta espécie naquela região e tentar perceber como promover a sustentabilidade desta atividade. O objetivo não é o de que o sargo seja explorado até à exaustão, antes pelo contrário, é promover a sustentabilidade”, enfatizou.
O Valsargo inclui ainda uma avaliação das principais propriedades nutricionais da espécie, um peixe costeiro que habita em zonas rochosas, com forma oval, prateado, e que exibe riscas negras verticais e uma mancha junto à cauda.
“Para podermos dizer que o sargo da Costa Vicentina é o melhor convém ter uma base científica que nos permita dizer que é de excelência”, assinalou Tiago Verdelhos.
Em desenvolvimento está, por outro lado, “uma estratégia de promoção do sargo e envolvência dos diferentes parceiros” do projeto, uma rede que engloba os dois municípios da Costa Vicentina – que se estende por cerca de 80 quilómetros no litoral sudoeste do continente, de Odeceixe (Aljezur) até ao Burgau (Vila do Bispo), já no limite com o concelho de Lagos – associações de pescadores locais, Docapesca, agências de financiamento e organismos ligados ao ambiente, agricultura e pescas.
Jornadas do Sargo, debates sobre a pesca e comercialização daquele peixe e ações junto das escolas para promover o produto
Para promover o produto, continuou Tiago Verdelhos, foi desenvolvida uma marca – um logótipo que representa um peixe em cima de duas ondas e “pode ser usado pelas diversas entidades” – e organizado, em maio, o Festival do Sargo da Costa Vicentina, que contou, em restaurantes locais, com menus e pratos “especialmente criados” para o evento.
Outras iniciativas incluíram a realização das Jornadas do Sargo, espaço de debates sobre a pesca e comercialização daquele peixe e ações junto das escolas.
Recentemente, a equipa da Universidade de Coimbra (que, para além de Tiago Verdelhos, conta com mais três investigadoras), teve a colaboração de uma professora da Escola Profissional da Figueira da Foz, município onde o laboratório Marefoz está sediado, na criação de uma “receita especial” de sargo, apresentada e degustada num evento de trabalho que reuniu diversos investigadores europeus.
O projeto terá ainda outras sessões de demonstração e degustação e culminará com o desenvolvimento de um roteiro do sargo da Costa Vicentina, com indicação dos principais locais associados àquele peixe, desde restaurantes, a associações de pescadores e pontos turísticos.
“É esta a nossa estratégia de promoção”, resumiu Tiago Verdelhos.
Integrado no programa de economia azul UCMar, o projeto Valsargo visa ainda, como objetivos gerais, fomentar a pesca artesanal e o aumento do potencial turístico da região onde se insere, sendo apoiado por fundos europeus do MAR2020 através da Associação de Desenvolvimento do Barlavento algarvio.