Existe hoje uma economia da vinha e do vinho intimamente ligada à economia do turismo, razão mais que suficiente para que o Enoturismo passe a ser entendido como uma valorização do posicionamento competitivo do nosso País, face a outros destinos turísticos concorrentes, incluindo o Algarve.
As actividades de nicho vêm ganhando uma importância crescente na construção e diferenciação dos produtos turísticos à escala mundial, obrigando os destinos turísticos a repensar conceitos e mentalidades sobre os diversos parâmetros que envolvem a economia do turismo.
A actividade turística da modernidade e as novas técnicas de comercialização e distribuição de férias, uma consequência natural dos avanços tecnológicos, vêm suscitando novas apetências de consumo, contribuindo para gerar fluxos turísticos importantes e representando um ponto de viragem e de progresso económico que não podem ser menosprezadas e ignoradas no futuro.
Fenícios, Gregos, Romanos e Árabes encontraram no vinho do Algarve uma das razões para a sua longa permanência nestas paragens
Um destino turístico de futuro e com futuro, como é o caso do Algarve, precisa aliar aos seus atractivos turísticos tradicionais, um sistema que permita alargar os horizontes de consumo e aumentar os graus de satisfação daqueles que nos visitam, de forma a preencher as suas carências emocionais.
Trata-se, no fundo, de sermos capazes de criar um produto integrado, planeado e devidamente gerido, designadamente em matéria de articulação e envolvimento com os canais de comercialização e distribuição apropriados, sem os quais os mercados não funcionam, ou seja, a criação de uma lógica de produto interligada e articulada com uma lógica de marketing, promoção e vendas, tendo em vista melhorar o desempenho empresarial.
O que está em causa, é sermos capazes de valorizar o posicionamento competitivo do Algarve enquanto destino turístico europeu e mundial, potenciando os factores de atracção da região, incluindo a vinha e o vinho, enquanto valores regionais de qualidade, garantindo um desenvolvimento sustentado e, por essa via, a rendibilidade dos investimentos turísticos públicos e privados.
As actividades turísticas tradicionais, habituadas a um longo período de abundância económica no passado, negligenciaram outros nichos de mercado capazes de gerar negócios consentâneos com as necessidades de consumo dos turistas do presente, como é o caso das oportunidades abertas pelo Enoturismo.
A relação entre o vinho e o turismo assume-se, portanto, como uma nova forma de abordar a actividade turística, ou seja, um produto complementar capaz de assegurar a diversificação imposta pelas novas tendências das procuras internacionais.
A procura turística por produtos diferenciados está a obrigar os destinos turísticos a desenvolver novas competências, reposicionando os destinos turísticos, como o Algarve, de forma a melhorar a competitividade das suas ofertas, através da criação de mais soluções para satisfazer os turistas.
O facto da vinha e do vinho estarem intimamente ligados aos valores gastronómicos, históricos e artesanais dos locais onde se inserem, contribui, por um lado, para reforçar a nossa identidade cultural enquanto povo e, por outro, potencia uma diferenciação qualitativa face à concorrência e, por essa via, o desenvolvimento sustentável de muitas outras actividades económicas a montante, com um forte estímulo positivo no emprego e nas economias locais.
É verdade que as tendências do turista de hoje se traduzem numa espécie de regresso às origens, ou seja, as pessoas querem ver e participar nos processos de fabrico e transformação dos produtos regionais e artesanais dos locais que visitam.
Historicamente, o vinho sempre desempenhou um papel importante nas trocas comerciais do Algarve desde a antiguidade até aos nossos dias, tendo ganho um reconhecimento progressivo de qualidade inegável nos últimos tempos.
Trata-se, no fundo, de construir uma visão esclarecida da posição do turismo na economia e na sociedade portuguesa, designadamente no que se refere à capacidade, presente e futura, do turismo do Algarve para gerar bens transaccionáveis, o grande sustento da economia nacional.
Fenícios, Gregos, Romanos e Árabes encontraram no vinho do Algarve uma das razões para a sua longa permanência nestas paragens. Hoje, tal como ontem, o nosso vinho pode continuar a aproximar os homens dos deuses, tal como invocavam os nossos antepassados na antiguidade. Vá-se lá saber porquê!
* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico