O presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), Vítor Neto, marcou presença na conferência “Pacto Social. Mais economia para todos”, organizada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), onde falou sobre o estado da economia algarvia.
Vítor Neto mostra-se consciente da importância do turismo na economia do Algarve e das restantes regiões de norte a sul, relembrando que foi “um dos principais setores económicos do país ao representar 18% do PIB o ano passado”. Ainda assim, o responsável lamenta que, precisamente a nível económico, o turismo seja um setor “muito subestimado”, mesmo após, em 2023, ter representado uma receita de 38 mil milhões de euros a nível nacional.
De acordo com as declarações do presidente da NERA, citadas pelo Eco, embora seja evidente a importância do turismo, sobretudo para a região mais a sul do país, foi precisamente o peso deste setor que “desequilibrou a situação estrutural da economia”. Mas Vítor Neto aponta uma solução para este desequilíbrio: “não passa por ter menos turismo, mas por diversificar a estrutura económica”. E como? recuperando outros setores tradicionais como a agricultura e a aposta nas áreas tecnológicas.
Opinião semelhante tem o presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal/Câmara de Comércio e Indústria da Madeira (ACIF/CCIM), sublinhando que a dependência do turismo é “um desafio muito grande”, acrescentando que a exportação via turismo tem um peso cada vez maior e que isso permitiu o crescimento económico da região autónoma da Madeira.
Contudo, de acordo com o responsável madeirense, é no setor tecnológico que a região tem apostado cada vez mais. “O turismo pode alavancar quer as próprias tecnologias, quer o setor do mobiliário, a construção e as áreas premium, inclusive na eficácia energética”, conclui.
Já no que respeita à mobilidade interna, esta é vista como um entrave para a competitividade regional. Segundo o presidente da assembleia geral da Associação Empresarial de Braga (AEB), Pedro Fraga, o nosso país tem “claríssimos problemas de coesão territorial”. Um dos exemplos que o responsável deu para explicar a sua opinião foi a de um empresário que faz 580 quilómetros entre Milão e Roma e paga 44 euros de portagens, já a viagem entre Barcelona e Madrid é a custo zero, mas o percurso entre Valência e Faro tem um custo de 57 euros, ou seja, ” o custo por quilómetro são mais 15%”.
Além disto, outro dos problemas, de acordo com Pedro Fraga, é o facto de haver regiões no Norte do país em que os trabalhadores demoram uma hora e meia para percorrer apenas 17/18 quilómetros. O responsável acrescenta ainda que Portugal tem “problemas seríssimos de mobilidade inter-regional”.
Por fim, Rui Espada, presidente do Núcleo Empresarial da Região de Évora (NERE), afirma que a mobilidade interna do Alentejo “é limitada”, o que se traduz num problema para atrair e fixar talento, e lamenta que a região, que ocupa um terço do território nacional, apenas represente 6% do PIB nacional.
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