É considerado um fenómeno de sucesso na Alemanha: os turistas portugueses cresceram 7,9% em 2021, atingindo 223.719 dormidas em hotéis oficiais (sem considerar alojamentos como Airbnb), em contraciclo com a queda generalizada de chegadas internacionais no mercado germânico no ano passado.
Os portugueses estão a ser vistos como um mercado de aposta pelo turismo da Alemanha, que registou uma queda de 3,1% de visitantes externos em 2021, cujo volume de dormidas se cifrou em 31 milhões – menos ainda que em 2020, ano em que o sector se ressentiu fortemente da pandemia covid-19, com uma quebra de 64,4% para 32 milhões de dormidas, quando em 2019 costumava ter 89 milhões.
“Portugal não é classificado como zona de risco, e a prova de vacinação é suficiente para entrar na Alemanha. Em estadas de portugueses, estamos a caminhar para a recuperação, mas não esperamos já em 2022 chegar aos números de 2019, se atingirmos 60% para nós já era muito bom”, adiantou Ulrike Bohnet, diretora do Turismo da Alemanha em Espanha e Portugal, numa apresentação à imprensa em Lisboa.
Os turistas portugueses asseguraram 517 mil dormidas na Alemanha em 2019, com a pandemia caíram 59,9% em 2020 (para 207 mil dormidas), mas ainda assim evidenciam uma tendência de retoma, iniciada no ano passado, ao contrário de outros mercados. E em janeiro deste ano os portugueses já ultrapassaram as 20 mil dormidas nos hotéis alemães, apenas 22% abaixo dos níveis de 2019, segundo enfatiza Ulrike Bohnet.
“A real recuperação para nós, em que poderemos voltar aos números pré-pandemia, só deverá acontecer em 2024”, avança a responsável do Turismo da Alemanha, chamando a atenção para os novos efeitos com a guerra na Ucrânia, que vieram agravar as incertezas em relação a uma “situação normal” no turismo.
“Tudo vai depender da situação em Portugal, se as pessoas se sentem confiantes para viajar, e também da situação económica”, enumera Ulrike Bohnet. “Poderemos também ter alguns problemas com subidas de energia e os seus impactos económicos. As pessoas estão com muita vontade de viajar, mas onde e como irão viajar ainda não é totalmente certo”.
Os destinos mais populares dos portugueses na Alemanha em 2021 foram em primeiro lugar a Baviera (com 52.473 visitantes lusos), seguindo-se Berlim (32.768), Hesse (27.351), Baden-Wurtemberg (26.102) e Saxónia-Anhalt (9.655).
Cerca de 45% das chegadas de portugueses ao país têm como principal motivação o turismo urbano, estando o Turismo da Alemanha a avançar com uma campanha com vista a “promover cidades alemãs mais pequenas para ver a sua diversidade, a nível de gastronomia, enoturismo, cervejeiras, ‘spots’ de natureza, cultura e sustentabilidade”.
Também do lado da procura de turistas germânicos por Portugal, Ulrike Bohnet destaca a conexão de voos entre os dois países que tem sido reforçada desde os últimos cinco anos, além dos alemães “gostarem de Portugal e da cultura portuguesa”.
PORTO COM 13 VOOS DIÁRIOS DA LUFTHANSA EM AGOSTO, NUM SALTO DE 34% FACE A 2019
A Lufthansa está a avançar uma aposta clara em 2022 de reforço de rotas nos aeroportos portugueses, o que inclui Lisboa, Porto, Faro, Funchal, Porto Santo e Ponta Delgada.
Para o período de verão, considerado na aviação como de abril a outubro, as companhias aéreas do grupo Lufthansa já tem em média mais 16% dos voos que tinham nos aeroportos portugueses no mesmo período em 2019, para destinos na Alemanha, Áustria, Suiça e Bélgica, segundo avançou ao Expresso Thomas Ahlers, diretor-geral de vendas em Portugal.
O reforço de rotas que está a ser avançado em Portugal abrange todas as companhias do grupo Lufthansa, incluindo também a Swiss Air, a Austrian Airlines, a Brussels Airlines, a Eurowings e a Eurowings Discover.
“Este aumento de capacidade é considerável, especialmente comparando-o com reforço global de capacidade do grupo Lufthansa, que não está ainda nos níveis de 2019, de pré-pandemia”, frisa Thomas Ahlers.
Se Portugal é um dos países com maiores aumentos de capacidade do grupo Lufthansa, olhando à lupa um caso ainda mais especial é o Porto, onde o aumento de ligações aéreas é de 34% face ao que havia em 2019.
“Os maiores aumentos que introduzimos foram do Porto para Munique e para Zurique, duplicando a capacidade dos níveis que existiam no pré-pandemia”, salienta Thomas Ahlers.
O Porto vai ter em média 13 voos por dia no próximo mês de agosto, operados por companhias do grupo Lufthansa, que em Lisboa também irão assegurar durante este mês um volume igual de 13 voos diários no aeroporto de Lisboa (onde o crescimento de capacidade não foi tão grande como o do Porto face a 2019, ficando-se em 1%). No aeroporto de Faro, as companhias aéreas ligadas ao grupo germânico vão ter em agosto sete voos por dia, para cidades alemãs, suiças, austríacas ou belgas.
A ocupação dos aviões prevê-se alta em ambos os sentidos, de acordo com o diretor-geral de vendas do grupo Lufthansa.
“A maior parte da capacidade é vendida ao tráfego de ‘incoming’ (chegadas da Alemanha, da Suíça e de outros países europeus), mas também vemos um forte crescimento no ponto de venda Portugal”, garante Thomas Ahlers.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL