A Ryanair antecipa um “crescimento muito forte” para o turismo em Portugal em 2022, se não houver sobressaltos de maior com a pandemia, e vai lançar 15 novas rotas no país a partir de abril, que passam a totalizar 165, segundo o anúncio feito pelo presidente executivo da transportadora, Michael O’Leary, numa conferência de imprensa que decorreu esta quarta-feira em Lisboa.
“As pessoas no Reino Unido, na Irlanda ou na Escandinávia querem voltar a ter férias e a ir às praias, pelo que se prevê um crescimento muito forte em Portugal, e também em Espanha”, adiantou O’Leary.
As novas rotas que a Ryanair vai lançar a partir de abril incluem ligações do Porto à Madeira, a Billund (na Dinamarca) ou a Verona (em Itália), além de voos diretos de Faro para Nuremberga (na Alemanha) ou para o Luxemburgo.
O presidente executivo (CEO) da Ryanair frisou que a companhia pode ser “obrigada” a cancelar 20 rotas em Lisboa no verão de 2022, e reduzir de sete para quatro o número de aviões alocados na capital, caso a TAP não abra mão dos seus slots que não está a utilizar.
“Estamos a crescer na Madeira, em Faro, e no Porto. Só não podemos crescer em Lisboa, o que não faz nenhum sentido”, sublinhou o CEO da Ryanair.
Michael O’Leary apelou ao primeiro-ministro, António Costa, no sentido de “exigir à TAP a libertação de alguns dos slots não utilizados”, defendendo que esta decisão deve ser tomada até final de fevereiro – processo de que está dependente a decisão da Ryanair de retirar três aviões da sua base em Lisboa.
De acordo com as leis europeias, a TAP é obrigada a comunicar os slots que não utiliza – mas segundo o CEO da Ryanair a companhia tem-no feito “tardiamente”, num prazo de duas a três semanas de antecedência, o que não permite a outras companhias planear operações.
Segundo adiantou ao Expresso Michael O’Leary, a retirada de três aviões da Ryanair da base de Lisboa significaria uma redução de cerca de 300 voos semanais por parte da low cost. “Portugal precisa de uma recuperação forte do turismo em 2022, e estou a fazer um apelo ao Governo para que ajude o sector no pós-covid, obrigando a TAP a libertar os slots que não utiliza”, insistiu o proprietário da transportadora, para quem esta situação representa “um desperdício”.
“A TAP continua a bloquear os slots em Lisboa, ao mesmo tempo que recebe subsídios de 3 mil milhões de euros, enquanto nós recebemos zero”, frisa O’Leary, lembrando que a Ryanair está disposta a “continuar a investir no aeroporto de Lisboa no verão de 2022” (garantindo que já investiu 700 milhões de dólares este inverno para alocar sete aviões à base da capital portuguesa), na condição de o Governo de Costa exigir à TAP “até final de fevereiro” os slots que não utiliza – frisando que estes podem ser beneficiados não só pela Ryanair como por “outras companhias”.
Segundo a Ryanair, o “bloqueio” de slots por parte da TAP em Lisboa significa “uma perda potencial de mais de 250 milhões de dólares para o turismo no país”.
Mas a aposta da transportadora low cost mantém-se forte em Lisboa, onde anunciou tarifas promocionais a partir de 19,99 euros nos seus voos para o verão de 2022.
Michael O’Leary também frisou na conferência de imprensa em Lisboa que a Ryanair está disposta a investir até 500 milhões de euros no novo aeroporto do Montijo. “Parem de adiar esta decisão, o aeroporto tem de ser feito já”, apelou o responsável da companhia low cost.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL