A dinâmica das prestações do crédito à habitação pode estar prestes a sofrer um ligeiro alívio em 2024, de acordo com analistas consultados pela Lusa. Este cenário otimista do valor da prestação da casa está associado à expectativa de manutenção ou até mesmo redução das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE), após um período de aperto monetário para conter a inflação.
Análise das Perspectivas
Após o BCE ter aumentado as taxas de juro, provocando um aumento nas prestações dos créditos à habitação de taxa variável, os especialistas agora antecipam uma possível inversão dessa tendência. A aposta reside na crença de que o BCE, liderado por Christine Lagarde, irá, ao longo de 2024, considerar uma descida das taxas de referência.
O diretor executivo da corretora ActivTrades Europe, Ricardo Evangelista, sublinha que, caso essa redução das taxas de juro do BCE se concretize, as taxas Euribor, influenciadas por este indicador, poderão começar a aliviar. Isso resultaria numa diminuição das prestações dos créditos de taxa variável, como os associados a hipotecas para a compra de casa.
Estratégias e Cenários Possíveis
Henrique Tomé, analista da corretora XTB, partilha a visão de que, num cenário em que as taxas de juro se mantenham estáveis nos próximos meses, as Euribor, referência nos créditos à habitação, poderão registar um recuo ligeiro. Contudo, este cenário é condicional à expectativa de que o BCE não procederá a mais aumentos nos juros.
Paulo Rosa, economista do Banco Carregosa, sugere que, caso o BCE avance com o corte das taxas de juro previsto, a partir da primavera de 2024, os créditos à habitação indexados à Euribor beneficiarão de atualizações a taxas mais baixas. Este ajuste poderá aliviar progressivamente as prestações mensais, aliviando os orçamentos familiares.
Rosa ilustra a possível redução com um exemplo concreto: um crédito à habitação indexado à Euribor a 12 meses, com uma taxa em torno de 4%, renovado em novembro de 2023, poderá experienciar uma queda para cerca de 2,5% em novembro de 2024, de acordo com as projeções de mercado.
As recentes flutuações da Euribor mostram descidas nos prazos de três e seis meses, enquanto a taxa a 12 meses registou um aumento em relação aos dias anteriores, mantendo-se abaixo dos 4% em todos os prazos.
As perspectivas para as prestações da casa em 2024 revelam uma possibilidade de alívio leve para os mutuários, sobretudo para aqueles com créditos à habitação indexados à Euribor. No entanto, as variáveis económicas e as decisões do BCE continuarão a moldar o panorama financeiro dos proprietários de casa, sendo crucial um controlo atento das mudanças nas taxas de juro para ajustes estratégicos nos financiamentos habitacionais.
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