À medida que a Europa navega por um ambiente económico cada vez mais desafiante, muitos países estão a implementar regimes fiscais vantajosos para atrair indivíduos de elevado património, tornando-se nos conhecidos paraísos fiscais. Esta corrida para captar e reter os super-ricos não é nova, mas tem-se intensificado nas últimas décadas, especialmente após a crise financeira de 2008.
Enquanto as taxas máximas de imposto sobre o rendimento pessoal na União Europeia permaneceram relativamente estáveis, governos de várias nações começaram a introduzir regimes fiscais preferenciais, orientados para expatriados, com o objetivo de impulsionar as suas economias locais.
De acordo com Jason Piper, especialista em Direito Tributário, citado pela Euronews, “a atratividade de um regime fiscal pode variar significativamente dependendo da origem da riqueza”, o que cria um cenário complexo e diversificado de paraísos fiscais no continente.
Entre os países que oferecem regimes fiscais favoráveis, Itália, Suíça e Portugal destacam-se como opções muito populares entre os super-ricos.
Em Portugal, o governo tem implementado incentivos fiscais que atraem sobretudo expatriados, em particular reformados. O regime dos Residentes Não Habituais (RNH), introduzido para atrair cidadãos estrangeiros e estimular a economia local, permite que indivíduos qualificados beneficiem de uma taxa reduzida de imposto sobre o rendimento obtido no estrangeiro. No entanto, este regime tem sido alvo de ajustamentos devido a críticas relacionadas com o aumento dos preços no mercado imobiliário e o seu impacto na população local.
Em Itália, o panorama fiscal é caracterizado por elevadas taxas de imposto sobre o rendimento pessoal, mas, de forma a atrair residentes de elevado património líquido, o país introduziu um regime de imposto fixo. Este esquema permite que os super-ricos paguem uma taxa fixa de 200 mil euros por ano sobre rendimentos obtidos fora de Itália, durante um período máximo de 15 anos, tornando-se uma opção muito atrativa para aqueles com vastas fortunas.
A Suíça, conhecida há muito pelo seu ambiente fiscal favorável, continua a ser uma escolha de destaque para os indivíduos de elevado património. Através de um esquema de pagamento único, o país calcula os impostos com base nas despesas individuais dos residentes, em vez do seu rendimento. Esta abordagem, especialmente atrativa para expatriados, é limitada a quem possui um rendimento passivo significativo, embora existam impostos mínimos para garantir que apenas os mais ricos beneficiem deste regime.
Outros países em destaque
Além de Portugal, Itália e Suíça, há outros países europeus que oferecem condições fiscais vantajosas. Irlanda, Hungria e Chipre são conhecidos pelas suas baixas taxas de imposto corporativo, o que atrai muitas holdings e indivíduos que procuram proteger os seus ativos e reduzir a carga tributária.
Benefícios ou desvantagens?
A definição de paraíso fiscal é subjetiva e varia conforme o tipo de rendimento gerado e as necessidades de cada país. A capacidade de atrair indivíduos de elevado património líquido pode trazer benefícios económicos significativos, como o aumento do investimento estrangeiro e a dinamização do mercado imobiliário. Contudo, as desvantagens também são evidentes, com muitos a criticar o impacto negativo que estas políticas fiscais podem ter no equilíbrio económico e social local.
Num contexto onde a pressão fiscal é cada vez maior para a classe média, a presença de regimes fiscais tão favoráveis para os super-ricos continua a alimentar o debate sobre as consequências de longo prazo para a economia europeia.
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