O Pacto da Bioeconomia Azul, agenda mobilizadora de 133 milhões de euros liderada pela Inovamar, pretende mudar o paradigma no sentido da descarbonização com 52 novos produtos e serviços ligados aos recursos marinhos, disse esta segunda-feira um administrador da sociedade.
“Esta agenda e este pacto visa, acima de tudo, nestes três anos [até final de 2025], conseguir criar 52 novos produtos e novos serviços que utilizam a bioeconomia azul” em áreas como as algas, biomateriais, bivalves, têxteis, alimentação, rações para animais e peixes, afirmou Miguel Marques, presidente do conselho de administração executivo da Inovamar.
O responsável falava aos jornalistas à margem do lançamento do Vertical Algas, um dos sete projetos secundários do consórcio, ligado ao aproveitamento das algas, numa sessão realizada hoje na Universidade do Algarve, em Faro.
O Pacto da Bioeconomia Azul agrega um total de 85 entidades nacionais, entre grandes empresas, pequenas e médias empresas, ‘start-ups’ e instituições de investigação e desenvolvimento, cujo objetivo passa por “dar um contributo grande para uma mudança de paradigma” no país.
“Tornarmo-nos uma economia mais sustentável, que gere mais valor, com emprego mais qualificado. Isso através do mar e, em particular, de tudo o que tenha que ver com a bioeconomia azul”, prosseguiu Miguel Marques.
Consórcio ligado ao setor das algas lançado no Algarve
Utilizar os recursos biológicos marinhos para, através da biotecnologia, criar novos modelos económicos permitirá aproveitar os ativos “muito diversos e muito importantes” que já existem nos rios e mares portugueses.
“Eles estão lá, é um recurso endógeno do país e o que nos falta a nós é conseguir valorizar. Não extrair, mas sim valorizar, e por isso temos aqui entidades, dos melhores académicos às melhores empresas do país, para tentar, em conjunto, até 31 de dezembro de 2025, entregar várias dezenas de novos produtos assentes nesses biomas marinhos sem os extrair”, salientou.
Além do consórcio ligado ao setor das algas, lançado hoje no Algarve, esta agenda mobilizadora engloba mais seis consórcios secundários, ligados a ‘clusters’ que, após análise pelos parceiros envolvidos, foram vistos como os mais úteis para a criação de novas indústrias: biomateriais, bivalves, têxteis, alimentação, rações para animais e peixes.
Está previsto um investimento global de 133 milhões de euros por todas as entidades envolvidas, com um financiamento de 94 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A agenda é “ambiciosa”, dando resposta à crise que o mundo e, por extensão, o país, têm vivido nos tempos mais recentes, apontou o responsável da Inovamar.
“Todos nós sabemos que, de uma certa forma, o país e o mundo vivem uma situação instável, por vários motivos. Independentemente das crises pandémicas ou das crises que têm que ver com conflitos, já se notava na economia nacional uma necessidade de mudança de paradigma”, vincou Miguel Marques, em relação à necessidade de acelerar a descarbonização.
O administrador da Inovamar – que tem no seu capital acionista a Sociedade Francisco Manuel dos Santos e os líderes dos sete projetos verticais (Grupo Amorim, a Oceano Fresco, a TMG, a Canreal, a Necton, a ETSA e Sonae) – alertou “que assim não se pode continuar” e que o caminho é no sentido de “uma economia descarbonizada”.