Em várias cidades europeias, a escassez de opções de habitação acessível continua a ser uma preocupação crescente. Para responder a este desafio, tem surgido uma nova tendência que procura soluções fora dos modelos tradicionais de moradia ou apartamento.
Fábricas e escritórios transformados em casas
Na capital alemã, dois empresários iniciaram a conversão de antigas fábricas e edifícios de escritórios em habitação acessível. A ideia nasceu há mais de uma década e já alberga centenas de pessoas, conta a Euronews.
A dupla de investidores começou por tentar demolir os imóveis para criar espaços comerciais, mas a legislação não o permitiu. Foi então que decidiram adaptar os edifícios existentes.
Entre os imóveis transformados incluem-se uma antiga fábrica de doces, um armazém e os escritórios da antiga companhia ferroviária da Alemanha de Leste.
Um modelo que já alberga centenas
O primeiro projeto da dupla em Berlim, explica ainda a mesma fonte, resultou na criação de 86 apartamentos e estabelecimentos comerciais no piso térreo. Posteriormente, transformaram um edifício de nove andares em habitação.
As unidades habitacionais têm entre 25 e 35 metros quadrados e são principalmente destinadas a estudantes.
Os empresários fazem visitas regulares aos edifícios, onde corredores foram decorados com obras de arte. O objetivo é garantir que os espaços se mantêm funcionais e cuidados.
Segundo os responsáveis, esta abordagem ajuda a resolver mais rapidamente a escassez de habitação, já que o edifício-base já existe.
Desafios técnicos e legais
Os maiores obstáculos enfrentados foram relacionados com a segurança contra incêndios e a descontaminação dos espaços, além da adaptação às normas energéticas atuais.
Lugares de estacionamento foram convertidos em zonas de lazer e o edifício foi tornado acessível a pessoas com mobilidade reduzida.
Um dos aspetos positivos desta tendência de habitação acessível é a possibilidade de aproveitar espaços existentes e inutilizados nas zonas periféricas.
Contudo, os próprios empresários reconhecem que as zonas centrais são economicamente inviáveis para este tipo de conversão.
O papel da burocracia
A burocracia continua a ser apontada como um dos maiores entraves à disseminação deste modelo. As exigências legais e a morosidade dos processos dificultam novos projetos.
Os promotores sugerem que os municípios disponibilizem terrenos a preços acessíveis e incentivem as empresas públicas a apostar em habitação social.
A falta de previsibilidade, associada à instabilidade nas políticas de habitação, afasta potenciais investidores, sobretudo os privados.
Um modelo com potencial
Apesar dos entraves, os promotores acreditam que este modelo pode ser uma solução replicável noutras cidades europeias, desde que haja vontade política e condições favoráveis, referem à Euronews.
A abordagem pode também representar uma oportunidade para repensar o uso de património urbano abandonado e evitar a sua degradação progressiva.
Além disso, esta tendência poderá fomentar comunidades mais sustentáveis, aproveitando infraestruturas já existentes e diminuindo a necessidade de novas construções, criando assim habitação mais acessível.
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