Se a Alemanha parasse imediatamente de importar gás natural russo, o produto interno bruto (PIB) sofreria uma diminuição na ordem dos 180 mil milhões de euros este ano, de acordo com cálculos do banco central alemão, o Bundesbank, citados pelo “Financial Times” desta sexta-feira, 22 de abril. Em percentagem, a quebra do PIB germânico seria de 5% em 2022, demonstrando a extrema dependência da maior economia europeia da energia de um país hostil.
O jornal britânico realça que a estimativa do Bundesbank é muito mais pessimista do que outras feitas por economistas de universidades alemãs – sendo que uma estimativa recente de um grupo de nove economistas avançava com um impacto muito mais ligeiro, entre os 0,3% e 3%.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, rejeita esta perspetiva, para si excessivamente optimista. E líderes empresariais estão frontalmente contra qualquer limitação substancial – como o presidente executivo da empresa de produtos químicos BASF, Martin Brudermüller, disse, segundo o “Financial Times”, que a suspensão das importações de gás russo significaria a maior crise económica no país desde 1945, o fim da Segunda Guerra Mundial.
Por vir de um banco central, esta análise deverá ser mais uma acha para a fogueira do debate relativo à dependência da Alemanha do gás russo. Berlim está a ser acusada de financiar o regime de Moscovo, liderado pelo presidente Vladimir Putin, e o esforço de guerra russo na Ucrânia, com consequente destruição material e humana.
A União Europeia já avançou com o fim das importações de carvão da Rússia a partir de agosto, mas manterá as importações de gás, apesar de estar a multiplicar-se em contactos com outros países produtores como a Argélia para assegurar o próximo Inverno e diminuir a dependência russa.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL