O professor catedrático da Universidade do Algarve, Manuel Tão, é especialista em transportes e defende que a opção do Aeroporto de Beja, como alternativa a Lisboa ou Faro, tem de ser “tomada já” para não se correr o risco de perder o acesso aos fundos europeus.
Segundo disse ao “Diário do Alentejo”, o aeroporto de Beja pode ficar a 75 minutos de Lisboa e ser complementar à Portela, sendo o custo “menos de um quarto daquilo que, recentemente, a Vinci admitiu investir na transformação da base aérea do Montijo”.
O especialista em transportes e planeamento regional estima que um “pacote integrado” que inclua a finalização da A26, a eletrificação da linha do Alentejo na totalidade e o novo ramal de ligação ao aeroporto de Beja custaria cerca de 400 milhões de euros, “comparticipados a 80 por cento pelos fundos europeus”, o que significa que a comparticipação nacional não ultrapassaria os 80 milhões.
Assim, não só se resolveria a curto prazo a insuficiência da infraestrutura lisboeta, como se “asseguraria a ligação ao Aeroporto de Faro, que dentro de uma década também ficará congestionado”, garante Manuel Tão.
“A solução Montijo é uma aberração”, diz o professor catedrático da Universidade do Algarve que avisa: “é preciso avançar já com os projetos”, devido à possibilidade do “enriquecimento estatístico”, da região, a breve prazo, poder perder a majoração em relação aos fundos europeus recebidos.
Alcochete “nunca estará construído antes de 2032. Precisamos de uma solução intermédia que resolva o assunto entretanto” e essa solução é Beja que “pode ficar operacional no prazo de 48 meses”.
Com a melhoria da ligação ferroviária, e “sem a necessidade de uma nova travessia do Tejo”, Beja ficaria a 75 minutos da capital com comboios com capacidade para atingir os 200 quilómetros por hora. “Não digo com isto que a A26 não seja necessária, mas a ligação por comboio tem outra escola e oferece outro conforto e menos tempo de viagem”.
Deputado do PS sensibiliza três ‘low cost’ para utilizarem Aeroporto de Beja
Também na passada semana, o deputado do PS Pedro do Carmo, eleito pelo círculo de Beja, escreveu às administrações das três companhias aéreas ‘low cost’ Ryanair, EasyJet e Transavia com o objetivo de “sensibilizá-los” para a utilização do Aeroporto de Beja “como alternativa” a Lisboa ou Faro.
Para Pedro do Carmo, o Aeroporto de Beja pode ainda não ser uma alternativa, mas já pode ser “complementar aos aeroportos de Lisboa e de Faro neste período de época ‘alta’, em que os nossos aeroportos estão esgotados”, acrescentou.
O deputado do PS defende que o Aeroporto de Beja seja utilizado como “alternativa” aos de Lisboa e Faro, dando exemplos como os dos aeroportos de Frankfurt Hahn e Munich West (ambos na Alemanha) ou Oslo (Noruega), todos a mais de uma centena de quilómetros do destino final.
Já o Aeroporto de Beja “fica a 181 quilómetros do Marquês de Pombal, em Lisboa”, ou 150 de Faro, Portimão ou de Tavira, 140 kms de Loulé ou a menos de 130 kms de Albufeira, ou ainda, entre 90 a 120 kms da região Baixo Guadiana (Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António).
Para o especialista da Universidade do Algarve, isso é importante, porque Beja poderia ser, à semelhança do que acontece com Beauvais, em Paris, uma alternativa para os voos low cost: “quem escolhe essa forma de viajar valoriza o preço em vez do tempo. Ninguém se importaria de demorar mais uma ou duas horas para chegar ao hotel”, conclui Manuel Tão.
Segundo Pedro do Carmo, o Aeroporto de Beja “dispõe de um terminal de passageiros, de carga e de manutenção de aeronaves”, estando “preparado para receber todo o tipo de operações com um elevado nível de eficiência” e está “diretamente” ligado “à vasta rede de autoestradas que liga a cidade de Beja a todos os pontos do país”.
Faltam acessibilidades para as companhias aérea
As companhias de aviação – que têm visitado o aeroporto a convite da ANA – não têm manifestado interesse em usar esta plataforma, uma vez que as acessibilidades a Lisboa, ou mesmo a Faro, não dão atualmente garantias de escoamento.
No entanto, o POSTAL sabe que o projeto inicial do aeroporto está ainda a um terço, mas que está previsto, para breve, a ANA avançar com mais uma placa de estacionamento para aeronaves e mais sete hangares – dois dos quais para a Mesa, empresa que já opera na infraestrutura.
A capacidade atual do aeroporto, em termos de passageiros, é de 500 pessoas por hora, o equivalente a 1,5 milhões por ano.