Era o nome mais sonante entre os inscritos à partida para esta ‘Algarvia’ e o ciclista da Deceuninck-QuickStep não desiludiu: nas únicas chegadas ao ‘sprint’, festejou o triunfo, prosseguindo a sua recente ‘mania’ de conquistar duas vitórias em cada prova por etapas em que participou esta época.
O ‘rei da regularidade’ do Tour2020, que ‘bisou’ quer na Volta aos Emirados Unidos, quer no Paris-Nice, até pareceu ‘travar’ nos metros finais, depois de passar destacadíssimo na placa dos 150 metros para a meta, com o holandês Danny van Poppel (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) outra vez no seu encalço e a ter de contentar-se, como na primeira etapa, com o segundo lugar.
“Quem viu a chegada na TV pode pensar que foi fácil, mas a verdade é que não me encontrava muito bem de pernas. Não sabia como iria estar no final e cheguei a temer ser ultrapassado antes do risco”, justificou, para explicar a desaceleração que, ainda assim, não o impediu de ganhar com o tempo de 5:02.14 horas, diante de Van Poppel e do seu lançador Michael Morkov, terceiro.
A etapa mais longa da 47.ª edição convidava a uma fuga e, 17 quilómetros depois da partida de Faro, Jetse Bol (Burgos-BH), Julen Irizar (Euskaltel-Euskadi), Javier Moreno (Efapel) e Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO) lançaram-se numa aventura que haveria de perdurar até aos 11 quilómetros finais.
Após uma primeira hora de corrida alucinante, percorrida à incrível média de 46,4 km/h, os quatro fugitivos chegaram a ter mais de cinco minutos de diferença sobre o pelotão, comandado, durante grande parte da jornada, pela INEOS do líder Ethan Hayter.
Numa jornada quase sem percalços – só Iván Sosa, quinto da geral e principal nome da formação britânica nesta ‘Algarvia’, teve de pôr o pé no chão, a uns 40 quilómetros da meta e, depois, caiu já dentro dos seis finais -, foram as equipas dos ‘sprinters’, as inevitáveis Deceuninck-QuickStep e Bora-hansgrohe, a acelerar a perseguição, para garantir que o guião da terceira tirada se mantinha intocável, numa altura em que o quarteto da frente ainda dispunha de uma vantagem de dois minutos.
Os ‘comboios’ de Sam Bennett e Pascal Ackermann levaram o irlandês e o alemão protegidos até às ruas de Tavira, este ano ‘despidas’ da multidão que costuma acolher efusivamente os ciclistas, com o primeiro a corresponder em grande e o segundo, que ainda não venceu esta época, a falhar novamente, ao ser apenas quinto, depois de na primeira etapa se ter ‘perdido’ entre as quedas e sustos nos derradeiros quilómetros.
“Foi um dia mais difícil do que o esperado, sobretudo, pelo calor. Na verdade, é a minha primeira corrida do ano com calor a sério. Competi nos Emirados, é certo, mas não foi tão exigente. Ainda na semana passada, treinava com temperaturas de sete e oito graus, à chuva, e talvez por isso hoje não me tenha sentido tão bem. Não posso queixar-me: esta vitória devo-a aos meus colegas”, resumiu o camisola verde da Volta ao Algarve.
O calor também ‘importunou’ o outro camisola, o amarela, mas ainda assim Ethan Hayter teve um dia “relaxado” na defesa da liderança, na véspera do tradicional contrarrelógio de Lagoa, que no sábado vai testar a sua condição nos 20,3 quilómetros da quarta etapa.
O jovem britânico mantém-se empatado em tempo com o português João Rodrigues (W52-FC Porto), que hoje voltou a esgrimir a sua condição de algarvio para alertar a concorrência de que conhece o percurso da prova “como a palma das mãos”, e com o espanhol Jonathan Lastra (Caja Rural), respetivamente segundo e terceiro da geral.