Jorge Nuno Pinto da Costa celebra este domingo 40 anos à frente do FC Porto, quatro décadas recheadas de troféus nacionais e internacionais e marcadas pelas suspeições de corrupção no caso “Apito Dourado”.
Eleito pela primeira vez para a presidência dos “dragões” em 17 de abril de 1982, Pinto da Costa transformou o FC Porto e tornou-o dominador em Portugal e conquistador na Europa.
Nascido em 1937 e sócio dos “azuis e brancos” desde dezembro de 1952, Pinto da Costa assume, 10 anos depois, o seu primeiro cargo no seu clube do coração, como chefe de secção do hóquei em patins e em campo.
Em 1967, pega também na secção de boxe, onde conhece Reinaldo Teles, então praticante da modalidade e que o vai acompanhar em grande parte do seu percurso à frente da entidade, até falecer em 2020, vítima de covid-19.
O então presidente Afonso Pinto de Magalhães convida-o para integrar a sua lista às eleições como responsável pelas modalidades amadoras, mantendo-se no cargo até 1971, quando rejeita pertencer aos órgãos sociais de Américo de Sá.
Contudo, em 1976, acabou por integrar a lista de Américo de Sá, pela primeira vez como responsável do futebol.
Com José Maria Pedroto, a primeira grande figura dos mandatos de Pinto da Costa, no banco, o FC Porto interrompe a pior seca da sua história e, 19 anos depois, volta a sagrar-se campeão português em 1977/78, naquele que foi apenas o sexto título dos portistas.
Após repetir o feito na temporada seguinte, Pinto da Costa deixa o clube em 1980, acabando por regressar dois anos depois pela porta grande, como presidente, “cadeira” que não deixou desde então, sendo, em 2020, reeleito pela 15.ª vez, num sufrágio em que, pela primeira vez, teve dois adversários.
64 TÍTULOS NO FUTEBOL NA “ERA PINTO DA COSTA”
Desde a chegada de Pinto da Costa ao comando dos “dragões”, o clube ganhou 22 campeonatos, 13 Taças de Portugal e 22 Supertaças, falhando apenas no seu palmarés a Taça da Liga.
A nível internacional, o FC Porto tornou-se um nome conhecido a partir de 1984, quando atingiu a final da Taça das Taças, perdida para a Juventus, três anos antes da conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus, em Viena, frente ao Bayern Munique, seguida pela Supertaça europeia e pela Taça Intercontinental.
Já no século XXI, Pinto da Costa esteve nas conquistas de uma Taça UEFA (2002/03), uma Liga dos Campeões (2003/04), uma Taça Intercontinental (2004) e uma Liga Europa (2010/11).
CASO “APITO DOURADO”
Contudo, nem tudo foram conquistas para Pinto da Costa, suspeito de corrupção desportiva no caso “Apito Dourado”, em que foi acusado de ter corrompido árbitros na temporada 2003/04, com os factos a centrarem-se nos encontros com o Beira-Mar e o Estrela da Amadora.
Em 2 de dezembro de 2004, a PJ deslocou-se a casa de Pinto da Costa, que não se encontrava no local, com o presidente “azul e branco” a apresentar-se no tribunal no dia seguinte, acabando por, em 7 de dezembro, manter-se em liberdade mediante o pagamento de uma caução de 200 mil euros.
As escutas – muitas delas tornadas públicas na internet – foram a principal prova usada contra o dirigente portista e os restantes arguidos, mas o Tribunal Constitucional acabaria por declará-las nulas, o que levou a que grandes partes das acusações caíssem, mesmo com as ondas de choque causadas pelo livro de Carolina Salgado, antiga companheira do presidente, que trazia novas acusações.
Neste processo, Pinto da Costa chegou a ser suspenso por dois anos pela justiça desportiva e foram retirados seis pontos ao FC Porto.
CASO “OPERAÇÃO FÉLIX”
Além do “Apito Dourado”, o presidente dos “dragões” voltou a ter problemas com a justiça em 2016, quando, juntamente com mais 56 arguidos, foi acusado no caso da “Operação Fénix”, relacionada com utilização de segurança privada.
Sempre polémico, Pinto da Costa foi colecionando “ódios”, em especial com os rivais lisboetas, sendo um dos mais sonantes nomes na ‘guerra’ norte-sul, sempre apoiante da regionalização, contra o poder de Lisboa.
Embora nunca tenha concorrido a cargos públicos, acabou por ser sempre uma voz importante na cidade do Porto, apoiando e sendo apoiado por vários presidentes da Câmara Municipal.
Contudo, entre 2002 e 2013, a relação entre o município e o FC Porto sofreu um corte praticamente completo, com Rui Rio a separar a política do clube, e Pinto da Costa a chegar a declarar o ainda líder do PSD como pessoa “non grata”.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL, com Lusa