A Seleção Portuguesa de Futsal Feminino estará na segunda edição da fase final do campeonato da Europa ciente das lições aprendidas na final perdida há três anos ante a Espanha (0-4), projetou o selecionador Luís Conceição.
“Tentámos desviá-las um pouco disso, mas percebemos e analisámos aquilo que correu menos bem e nos levou a perder essa final, na qual havia um ambiente propício e estava tudo montado para ser um dia feliz para os portugueses. Não o lográmos, mas sabemos onde é que errámos. Tentámos agora corrigir e melhorar algumas coisas que não nos correram tão bem para que, no final, a nossa cara de felicidade seja outra em relação a 2019”, reconheceu o líder técnico da equipa das quinas, em entrevista à agência Lusa.
Em 17 de junho, em plena conferência de imprensa de divulgação da convocatória, Luís Conceição assumiu a candidatura lusa à conquista da prova bienal, que originalmente estava aprazada para decorrer em fevereiro de 2021, de novo no Pavilhão Multiusos de Gondomar, mas foi adiada por duas vezes e será disputada entre sexta-feira e domingo.
“Isto é maravilhoso. Ter as duas edições do Europeu no nosso país e em Gondomar é sinal da qualidade de organização que Portugal tem demonstrado nos grandes eventos. Isso tem de nos deixar satisfeitos. Mais pressão? Quem anda com o símbolo de Portugal ao peito tem de ter máxima responsabilidade e compromisso. O nosso desejo e ambição são sempre os mesmos, seja aqui ou noutro país: tentar sempre estar nas finais”, notou.
Repescada pela UEFA para substituir a Rússia, devido à ofensiva na Ucrânia, a Hungria vai medir forças com Portugal nas meias-finais, agendadas para sexta-feira, às 21h30, quatro horas e meia depois de a Espanha, detentora do título, defrontar as ucranianas.
“São equipas que nos criam contextos diferentes na organização e abordagem do jogo. A Rússia iria pressionar mais vezes, ‘chatear-nos’ e obrigar a criarmos outras situações. A Hungria vai dar mais bola e baixar um pouco (as linhas), mas criará outras dificuldades a atacar. É o que passámos às jogadoras: o facto de estar aqui a Hungria não nos pode desligar ou retirar o foco daquilo que nós queremos, porque isto será a eliminar e não há hipótese de facilitar num jogo para depois recuperar noutro”, acautelou Luís Conceição.
O jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares e a final decorrem dois dias depois, às 14:30 e 18:00, respetivamente, no epílogo da nova edição do Europeu, cujo segundo adiamento, de março para julho de 2022, encaixou-o após o final da época nos clubes.
“Sabíamos que o mês de junho ia ser muito exigente para uma grande parte deste grupo, pois, à partida, as nossas atletas estariam nas equipas que iriam disputar o ‘play-off’ do campeonato nacional, com partidas competitivas e muito concentradas em poucos dias. Tivemos essa sensibilidade e o grande desafio foi perceber isto. No final de uma época, umas ganham, outras perdem e há sensações diferentes, não só a nível físico”, admitiu.
Tudo preparado para ganhar
Luís Conceição, de 45 anos, incluiu nove vice-campeãs continentais numa convocatória de 14 jogadoras, que é dominada pelos dois finalistas da edição 2021/22 do campeonato nacional, o “vice” Nun’Álvares, com cinco, e o atual pentacampeão Benfica, com quatro.
“É um fator muito importante. Eu cheguei aqui em 2014 e estou com elas há oito épocas, mas algumas já vinham da ‘era’ Jorge Braz e têm muitos anos de seleções. Mesmo esta gente mais nova tem muitas internacionalizações e já passou pelas camadas jovens, nas quais a base de trabalho, ideia de jogo e organização é idêntica entre as várias seleções. Mal sobem a seniores, estão preparadas e identificadas. Isso facilita bastante”, avaliou.
Portugal está concentrado desde 20 de junho e concluiu a primeira de duas semanas de estágio a golear a Ucrânia (6-0), num embate particular em Oliveira de Azeméis, que se seguiu à final do campeonato, vencida pelas ‘encarnadas’ (3-1) à melhor de cinco jogos.
“Foi a primeira edição com ‘play-off’ e a ideia é criar mais momentos de dificuldade e de exigência máxima. Elas vão crescer enquanto atletas se tiverem mais jogos com maior competitividade e resultados mais equilibrados. Isso notou-se nestes quatro jogos e foi brutal. Depois, há que melhorar a qualidade das partidas para que mais pessoas estejam interessadas naquilo que se pratica. Estas competições, a transmissão dos jogos, a qualidade exibicional e o ganhar mais vezes vai ajudar sempre a crescer”, argumentou.
Luís Conceição espera amplificar a evolução do futsal feminino luso já no próximo fim de semana e repetir as pisadas da seleção principal masculina, que abriu um novo ciclo nas quadras, com os inéditos êxitos em dois Europeus (2018 e 2021) e um Mundial (2021).
“Ver os nossos a vencer é sempre satisfatório e deixa um pouco de água na boca para tentarmos chegar lá. Eles olham para cima e não veem mais ninguém à sua frente. Nós também queremos dar mais um saltinho para a frente, olhar para trás com satisfação e, depois, conseguir mantermo-nos no topo. Trabalhamos todos para o mesmo”, concluiu.