Pelo menos 174 adeptos, segundo a atualização mais recente, e dois agentes policiais morreram devido a uma invasão de campo após um jogo de futebol na ilha indonésia de Java, no sábado à noite, avançaram as autoridades.
“Às 09:30 [hora local, 03:30 em Lisboa] o número de mortos aumentou para 158, e às 10:30 para 174. Estes são os dados recolhidos pela East Java Disaster Management Agency”, disse o vice-governador da província, Emil Dardak, na Kompas TV, segundo a agência francesa AFP.
O balanço anterior inicial era de 129 mortos e 180 feridos. As autoridades tinham alertado para a possibilidade de o número de vítimas mortais aumentar, dada a gravidade dos ferimentos de algumas das pessoas.
Os distúrbios aconteceram no estádio Kanjuruhan, no final de uma partida da primeira divisão do futebol da Indonésia entre o Arema FC e o Persebaya Surabaya. Segundo o jornal local, ‘Suryamalang’, Nico Afinta, chefe da polícia de Malang, explicou que os protestos começaram após a derrota do Arema FC por 2–3, com os apoiantes da equipa da casa a entrarem no campo, levando a confrontos com os adeptos rivais.
Foi a primeira vez em mais de 20 anos que o Arema FC perdeu no dérbi regional com o Persebaya Surabaya, um clube também da ilha de Java. A maioria das vítimas morreu durante uma debandada causada pelos distúrbios, avançou a agência indonésia DPA.
Centenas de pessoas correram para uma porta de saída numa tentativa de escapar não só à violência, mas também ao gás lacrimogéneo que foi lançado para as bancadas, o que é proibido pel FIFA. Algumas morreram de asfixia durante o caos enquanto outras foram esmagados até à morte.
A federação indonésia de futebol (PSSI) afirmou num comunicado que “lamenta as ações dos adeptos” e que o incidente “mancha o futebol indonésio”. A PSSI formou uma equipa de investigação, que já se deslocou para a cidade de Malang e prometeu cooperar com a investigação policial do caso.
A federação anunciou ainda a suspensão da primeira divisão por uma semana e proibiu o Arema FC de receber jogos em casa durante o resto da temporada.
O governo indonésio lamentou o incidente e prometeu também investigar as circunstâncias. “Vamos examinar minuciosamente a organização da partida e o número de adeptos”, declarou o ministro do Desporto e Juventude indonésio Zainudin Amali ao canal de televisão Kompas.
Trata-se de uma das piores tragédias de sempre num estádio de futebol, depois dos 318 mortos em confrontos entre adeptos do Peru e da Argentina no Estádio Nacional de Lima, em 1964. Outros desastres incluem a morte de 97 adeptos do Liverpool em 1989 no estádio de Hillsborough ou as 74 pessoas que morreram no Egito, no estádio de Port Said, em 2012.
O treinador português Eduardo Almeida orientou, até ao início de setembro, o Arema FC, quarto classificado do último campeonato indonésio, que conta no plantel com o português Sérgio Silva e o guineense Abel Camará. Este último, antigo jogador de Estrela da Amadora, Belenenses, Feirense, Mafra e Belenenses SAD, fez os dois golos da derrota do Arema.