O aumento das ofensas e agressões a árbitros que se tem verificado nos últimos meses em Portugal ocorrem sobretudo a nível distrital, e estes números segundo noticia hoje o JN, dizem apenas respeito a árbitros que apresentaram queixa formal.
Ouvido pelo JN, Jorge Silvério, especialista em psicologia do desporto, considera que “não se pode dissociar estes números do ambiente social que estamos a viver, com uma pandemia que privou as pessoas de algumas liberdades, e agora com uma guerra na Europa que gera muita incerteza. O aumento do custo de vida e dos combustíveis leva a que as pessoas andem mais crispadas. Isso nota-se no dia a dia, no trânsito, por exemplo, e é normal que também se note nos espetáculos desportivos”.
O JN explica que o aumento da violência, praticada por adeptos, dirigentes e jogadores, leva a que os casos se aproximem dos valores pré-pandemia, após os números terem baixado nas duas épocas anteriores, sendo que, entre março de 2020 e agosto de 2021, os jogos foram à porta fechada.
Luciano Gonçalves, presidente da APAF (Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol), diz que, mais do que a guerra, o que explica este fenómeno é a falta de segurança e policiamento em muitos jogos, aliado, ao facto de as punições das agressões serem brandas, tanto a nível civil como a nível desportivo. Em declarações ao JN, este dirigente fala também na “falta de cultura desportiva” e nos “maus exemplos vindos do topo” para explicar esta explosão de casos de agressão nos últimos meses e adverte que “os indivíduos que os cometem têm de ser irradiados do futebol e do desporto”.
Para piorar o cenário, os casos de violência não ajudam a APAF a atrair jovens para a arbitragem, o que faz com que atualmente, segundo dados das associações regionais, diz o JN, o número atual seja de um árbitro por 50 a 60 jogadores.
- Texto: Tribuna do Expresso, jornal parceiro do POSTAL