O segundo Grande Prémio de Portugal de motociclismo de velocidade esteve marcado para 1988, em Jerez de la Frontera, em Espanha, mas a falta de autorização do Governo português mudou o nome da corrida para GP Expo92.
A história foi recordada à agência Lusa pelo presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), o português Jorge Viegas, que está em Portimão a acompanhar a última prova do campeonato do mundo de MotoGP, que decorre até domingo.
“A Federação na altura, que se chamava Federação Portuguesa de Motociclismo, recebeu a indicação por parte da FIM para organizar duas provas do campeonato do mundo de velocidade, em 1987 e em 1988. Mas acabaram as duas por serem vendidas a Espanha por, salvo erro, 16 milhões pesetas cada”, contou Jorge Viegas, que acompanhou o caso como jornalista.
Assim, em 1987, o GP de Portugal foi disputado no circuito madrileno de Jarama, cujo diretor era Carmelo Ezpeleta, atual CEO da Dorna, a empresa promotora do Mundial de MotoGP.
Após um breve telefonema a Ezpeleta para recordar os pormenores do caso, Jorge Viegas explicou à Lusa que o caso deu “enorme brado na opinião pública”, levando, na altura, o Governo de Cavaco Silva a proibir a utilização da denominação GP de Portugal fora do território nacional.
“Em cima da hora, tiveram de mudar para GP Expo92 e a corrida lá se fez”, sublinhou Jorge Viegas, que viria a fundar a Federação Nacional de Motociclismo (FNM, atual Federação de Motociclismo de Portugal) em 1990 “por esta e outras situações”, já depois de ter concorrido à presidência da FPM.
O ato eleitoral acabou envolto em polémica, tendo enfrentado Vítor Calado, entretanto falecido, num caso que acabou resolvido “anos mais tarde em tribunal”, a favor de Viegas.
Entretanto, foi a FNM que vingou e que recebeu o estatuto de utilidade pública, mantendo-se, até hoje, como a entidade que superintende o motociclismo nacional.
O GP de Portugal regressaria ao calendário do Mundial em ano 2000, no Estoril, onde ficou até 2012, regressando em 2020, agora no Algarve.
O Autódromo Internacional do Algarve recebe entre hoje e domingo a 14.ª e última prova da temporada de 2020.
Miguel Oliveira, que participa pelo segundo ano na categoria rainha, ocupa a 10.ª posição, com 100 pontos.